Enquanto o prefeito Sebastião Melo está dedicado a revisar a estrutura do governo para o segundo mandato em Porto Alegre, partidos aliados preparam a indicação de nomes para a nova gestão. Até agora, apenas a secretaria da Educação foi preenchida, com a indicação de Leonardo Pascoal pelo PL.
Melo planeja definir até domingo (24) o desenho com as bases da futura gestão, que deve incluir a extinção e criação de secretarias. Na quinta-feira (21), ele ficou duas horas reunido com o gabinete de transição discutindo área por área.
Na próxima semana, Melo quer apresentar o diagnóstico e abrir espaço para a apresentação de nomes. A pretensão é anunciar novos integrantes do primeiro escalão no início de dezembro.
Diferentemente de 2020, quando teve pouco mais de 30 dias para montar o governo, o prefeito quer fazer uma avaliação mais criteriosa dos indicados e não descarta começar o ano sem ter toda a equipe montada. Em reuniões fechadas, tem dito que não quer se cercar de pessoas incompetentes.
— Composição boa é aquela em que todos os partidos ficam um pouco insatisfeitos — repete, com frequência.
Por ora, Melo resiste inclusive em confirmar a permanência de auxiliares considerados certos no futuro governo, como Germano Bremm (Meio Ambiente), Luiz Otávio Prates (Comunicação) e Cezar Schirmer, que hoje comanda o Planejamento mas pode ser deslocado para outra pasta, como a Coordenação Política.
A despeito disso, interlocutores do prefeito já sondaram vereadores e dirigentes partidários para verificar a área de interesse na futura gestão. Em contrapartida, as agremiações analisam a máquina e preparam as indicações.
Maior aliado do prefeito, o PL demonstra apetite por ocupar, além da Educação, pastas robustas como Saúde e Mobilidade Urbana, o que daria ao partido o gerenciamento sobre quase metade do orçamento. A ambição melindra outros integrantes da base e deve ser contida na montagem do governo.
A legenda elegeu quatro vereadores, mas a tendência é de que nenhum deles migre ao secretariado, visto que um é estreante e os outros três são virtuais candidatos em 2026. Além disso, o movimento criaria um constrangimento pelo fato de o primeiro suplente ser Alexandre Bobadra, afastado recentemente de funções públicas pela operação policial que investiga fraudes na Smed.
No MDB, partido de Melo, há interesse em comandar uma secretaria de ponta, como a de Serviços Urbanos. O nome para a pasta seria o do vereador eleito Professor Vitorino, que foi adjunto no atual governo.
No entanto, o Cidadania quer continuar no controle da secretaria, com o vereador eleito Marcos Felipi Garcia. Nesse caso, a equação é complexa porque o Cidadania também deseja manter uma cadeira na Câmara, mas está em federação com o PSDB, que tem o primeiro suplente do grupo. O movimento, portanto, exigiria levar um tucano ao secretariado.
Se a pasta de Serviços Urbanos ficar com o Cidadania, Vitorino deverá ser aproveitado em outra função para abrir espaço na Câmara ao suplente Idenir Cecchim, líder do governo e homem de confiança do prefeito. A presença dele no plenário considerada fundamental para organizar a base em votações relevantes como a mudança do plano diretor e a concessão do Dmae, além de reprimir as CPIs criadas pela oposição.
Além de Cecchim, a direção do MDB sonha em emplacar um segundo vereador no primeiro escalão para levar à Câmara o próximo suplente, Luciano Nunes, o Suci Sarandi.
Outro aliado de Melo, o Podemos almeja manter o tamanho ocupado hoje. A legenda deseja manter Cassio Trogildo na Coordenação Política e ocupar um espaço equivalente ao comando do Dmae, onde a substituição de Maurício Loss é dada como certa. Também filiado ao Podemos, o secretário da Saúde, Fernando Ritter, é considerado uma indicação da cota pessoal de Melo.
Já o PSD avalia a indicação da vereadora Cláudia Araújo para o governo, o que abrira espaço na Câmara para o suplente Bruno Ortiz, que é próximo ao deputado federal Danrlei de Deus.
Antes de formalizar as indicações, entretanto, os partidos querem se certificar do tamanho que cada pasta terá no novo governo. Melo já definiu, por exemplo, a extinção da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, com as atribuições repassadas ao Demhab. André Machado (PP) deve permanecer à frente do órgão.
Outra pasta que tende a ser modificada é a de Desenvolvimento Social, em razão do sombreamento de atribuições com a Fasc. Por outro lado, há disposição em recriar a secretaria do Turismo, separando-a do Desenvolvimento Econômico.