A reunião em que o governo federal apresentou a governadores a proposta de emenda à Constituição chamada de PEC da Segurança teve um embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
O texto propõe que se estabeleça o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), com maior participação da União no combate ao crime, especialmente organizado, e mudanças em atribuições das polícias federais.
Caiado deixou claro que é contrário à proposta.
— Sugeri que a PEC dê aos entes federados atribuição para legislar sobre legislação penal — comentou a jornalistas, depois do encontro.
O governador de Goiás também disse que é "lógico" que ele atuará para barrar a proposta no Congresso.
Já durante a reunião, Caiado havia criticado o projeto do governo e dito que acabou com a criminalidade em seu Estado:
— Você não tem a presença do crime em nenhum palmo de terra no Estado de Goiás.
Segundo dados do próprio governo do Estado, Goiás teve 464 homicídios dolosos (intencionais) no primeiro semestre de 2024. O governador também disse nesta quinta que nenhum carro é roubado no Estado, embora os dados da própria Secretaria de Segurança Pública indiquem que foram 374 registros deste crime nos primeiros seis meses deste ano.
Em sua fala final no encontro, Lula ironizou as afirmações do governador:
— Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é o Estado de Goiás. Eu peço para Lewandowski ir lá levantar, porque pode ser referência para todos os governadores. Em vez de eu chamar uma reunião, era o Caiado que deveria ter chamado a reunião para orientar como se comporta para a gente acabar com o problema da segurança em cada Estado.
Lula negou que o objetivo seja tirar autonomia dos governadores e voltou a citar o chefe do Executivo goiano:
— Queremos unificar procedimentos, informações. Imagina se todos nós tivéssemos a metodologia do Caiado. Possivelmente a gente já tivesse muito mais soluções.
Caiado não foi o único governador a se posicionar contra a proposta. A reunião foi toda transmitida ao vivo pelo canal do governo, mesmo com as críticas. O presidente afirmou que esperava por isso e que o objetivo do encontro era realmente promover o debate.
— Havia pessoas que achavam que a imprensa não deveria cobrir toda a reunião porque poderia aparecer gente falando contra a PEC, ou não concordando com a ideia do governo. Eu disse que a gente iria abrir porque a reunião era para a gente aprender e para as pessoas falarem a visão que elas têm — afirmou Lula.