A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados ganhou novos rumos esta semana após a desistência de um candidato e a entrada de um nome novo no radar. Embora esteja marcada apenas para fevereiro, a disputa está no centro das atenções em Brasília e mobiliza o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro e líderes e dirigentes partidários.
Tanto Lira quanto Lula buscam uma candidatura que agregue o maior apoio possível em todos os campos políticos. Na terça-feira, Marcos Pereira (Republicanos-SP), que é vice-presidente da Câmara e se preparava havia vários anos, retirou-se da corrida e anunciou apoio ao correligionário Hugo Motta (PB). Ele alegou ter recebido apelo de líderes de partidos que não possuem candidaturas para que buscasse solução consensual que unificasse a Câmara.
Na prática, pesou na decisão o fato não ter conseguido convencer o PSD de recuar da candidatura de Antonio Brito (BA). A intenção era unir forças para enfrentar o favoritismo, até então, de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que esperava ter formalizado o apoio de Lira esta semana.
A chegada de Motta, no entanto, balançou o cenário. Agora, o parlamentar da Paraíba é visto como alguém capaz de obter o almejado consenso.
Tanto Nascimento quanto Brito afirmaram que vão manter as candidaturas, apesar dos sinais de que Motta pode obter o apoio tanto de Lira quanto do Planalto e da bancada do PL, que é a maior da Casa, com 92 deputados.
Segundo Pereira, Motta já teve reuniões com Lula e Bolsonaro.
— Ambos tiveram excelente receptividade ao nome do Hugo. Eu acho que ele sai um pouquinho na frente — disse à CNN.
Nova aliança
No União Brasil, o aparente desvio de rota de Lira na direção de Motta foi encarado como traição do atual presidente.
Uma das possibilidades em jogo para conseguir convencer Nascimento a desistir é indicá- lo para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). A Câmara tem direito a indicar dois nomes para a Corte a partir de 2026. Há, porém, uma articulação para que dois ministros antecipem suas saídas.
Após o anúncio, dirigentes de União Brasil, PSD e MDB passaram a discutir a possibilidade de uma aliança para enfraquecer Motta. Se evoluírem, as conversas podem levar à indicação de Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que tenta viabilizar um candidatura, mas era visto como pouco competitivo.
QUEM É QUEM
Elmar Nascimento (União Brasil-BA)
Próximo a Arthur Lira, o líder do União Brasil tinha praticamente garantido o apoio do atual presidente e era considerado o favorito até o início desta semana, apesar de ser visto com reservas pelo Planalto. Com a entrada de Hugo Motta na disputa, o cenário mudou.
Marcos Pereira (Republicanos-SP)
Presidente nacional do Republicanos, tinha a simpatia do governo, mas anunciou desistência na terça-feira diante da dificuldade em fechar um acordo com Antonio Brito. Agora, trabalha para consolidar o nome de Hugo Motta como candidato de consenso.
Antonio Brito (PSD-BA)
Líder do PSD na Câmara, vinha sofrendo pressão para desistir, mas a candidatura é bancada pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Também deve perder força com a entrada de Hugo Motta.
Hugo Motta (Republicanos-PB)
Líder do Republicanos, entrou na disputa esta semana, após a desistência de Pereira, e já é visto como favorito. Deve conseguir apoio da base governista e do PL, maior partido da Câmara, entre outros.