O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou nesta terça-feira (30), pela primeira vez, a polêmica no entorno do resultado das eleições presidenciais na Venezuela. Em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula avaliou que vê como "normais" os questionamentos da oposição, mas que a situação precisa ser resolvida pelos meios oficiais:
— É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela já proclamou Nicolás Maduro como o vencedor do pleito, realizado no domingo (28). A oposição, porém, tem uma contagem paralela dos votos e afirma que o candidato Edmundo Gonzalez venceu.
As atas, citadas por Lula, são documentos gerados pelas urnas eletrônicas, sistema usado no país caribenho. Na Venezuela, o eleitor também recebe um comprovante impresso do voto, que é depositado em uma urna convencional. Com isso, é possível auditar a apuração. O CNE ainda não tornou públicas estas atas, o que levanta desconfiança sobre a lisura do processo.
Oficialmente, o governo brasileiro afirmou que só vai reconhecer o resultado da eleição venezuelana no momento em que estes documentos forem divulgados. Nesta terça, o presidente Lula reiterou esta posição:
— Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela.
O presidente brasileiro disse ainda não ver "nada de anormal" na desconfiança, entre o eleitorado e na comunidade internacional, a respeito do processo.
— O colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e poucos por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça, e a Justiça faz.