A Polícia Federal (PF) encontrou mais uma joia que emissários do ex-presidente Jair Bolsonaro teriam tentado vender nos Estados Unidos. A informação reforça os indícios que podem levar ao indiciamento de Bolsonaro ao final da investigação. Segundo o diretor-geral da PF, delegado Andrei Passos Rodrigues, o inquérito deve ser encerrado ainda neste mês.
A PF descobriu a existência de uma nova joia, além das já conhecidas e que foram presente do regime saudita ao ex-presidente, a partir de investigações feitas nos Estados Unidos.
— Nessa diligência no Exterior, com o FBI, descobrimos que houve a negociação de uma outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se a joia já foi vendida, se está na casa de joias. Mas houve um encontro de um novo bem que tentaram vender no Exterior — disse o diretor-geral, em conversa com a imprensa nesta terça-feira (11).
— Isso robustece a investigação que tem sido feita — acrescenta.
De acordo com os investigadores, a descoberta da nova joia pode ser um agravante em eventual pena aplicada ao ex-presidente Bolsonaro e aos emissários.
Aliados do ex-presidente foram alvos de uma operação da Polícia Federal em agosto do ano passado que investiga a venda de joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República. Batizada de Lucas 12:2, a operação mirou o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid; o advogado Frederick Wassef, que representou o ex-chefe do Executivo perante a Justiça; e o tenente Osmar Crivelatti que, assim como Mauro Cid, foi ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Naquela ocasião, a Polícia Federal já havia identificado a negociação de dois kits de joias da marca suíça Chopard, duas esculturas douradas e um relógio da marca Patek Philippe. O diretor-geral da PF não quis falar sobre o tipo da nova joia encontrada.
As vendas investigadas pela corporação seriam de presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato da Presidência da República. Essas peças deveriam ser incorporados ao acervo da União, mas foram omitidos dos órgãos públicos, incorporados ao estoque pessoal do ex-chefe do Executivo e negociados para fins de enriquecimento ilícito, segundo os investigadores.
O diretor-geral confirmou ainda que também o inquérito que apura a falsificação de cartão de vacina de Bolsonaro deve ser concluída em junho. Já o caso sobre tentativa de golpe, que também mira o ex-presidente, só deve ter a investigação encerrada em julho.