O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, cogitou nesta sexta-feira (10) o uso de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), se a situação da segurança pública for "agravada" no Rio Grande do Sul. Múcio ponderou, entretanto, que a medida depende de uma decisão do presidente Lula.
Prevista na Constituição, a GLO confere poder de polícia a militares de Exército, Marinha e Aeronáutica para preservar a ordem pública. O ministro da Defesa havia falado sobre o assunto na quinta-feira (9) e foi questionado novamente nesta sexta (10), durante entrevista coletiva ao lado de outros ministros e dos comandantes das Forças Armadas.
— Ontem (quinta) uma jornalista me perguntou se havia pretensão para isso, e eu disse que não, e se achava que o instrumento poderia ser usado, eu respondi que sim. Mas isso é uma decisão do presidente da República. Na questão de segurança, se for agravada, não tenha dúvida que é uma ferramenta, mas não é uma decisão do ministério da Defesa — disse Múcio.
A coletiva ocorreu no 3º Regimento de Cavalaria do Exército, em Porto Alegre, mas o ministro participou por videoconferência desde a base aérea de Canoas, ao lado dos comandantes da Marinha e da Aeronáutica. Ele alegou que não conseguiu voar até a Capital em razão das condições meteorológicas.
O comandante do Exército conseguiu participar da entrevista presencialmente, ao lado dos ministros Paulo Pimenta (Secom) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).
Eduardo Leite é contra a ideia
Horas antes da declaração de Múcio, também em coletiva, o governador Eduardo Leite rejeitou expressamente a ideia de uma operação de GLO no Estado.
—Não trabalhamos com isso nesse momento. Temos diálogo estreito com o governo federal, o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa. As Forças Armadas cooperam muito no papel dos resgates, na ajuda logística e no apoio às cidades atingidas — afirmou o governador.
Nesta semana, Leite abriu chamamento para policiais que foram para a reserva nos últimos anos, ampliou horas extras de servidores da ativa e recebeu apoio de profissionais de outros Estados. O governador ainda pediu ao Ministério da Justiça o envio de 400 agentes da Força Nacional de Segurança.
O reforço foi acionado para ampliar os resgates e conter o aumento nos crimes como saques, furtos e roubos registrados em Porto Alegre e na Região Metropolitana durante a inundação.
No Palácio Piratini, a cogitação de GLO é vista como algo desproporcional, já que as Forças Armadas não têm expertise em fazer segurança nos centros urbanos. Sob reserva, um auxiliar direto do governador afirmou que a providência seria "desmedida" e lembrou que sequer foi aventada em episódios de maior gravidade, como a crise na segurança pública da Bahia, no ano passado.