O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) ouvir novamente o empresário Roberto Montovani no inquérito sobre as hostilidades ao ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma.
Foi a Procuradoria-Geral da República (PGR) quem pediu um novo interrogatório. O empresário já prestou depoimento, mas o Ministério Público quer saber se ele manipulou o vídeo do entrevero e espalhou uma versão editada no WhatsApp.
As suspeitas surgiram depois que a PF periciou o celular do empresário. "A ilustre autoridade policial identificou mensagem em que o episódio investigado é narrado de maneira distorcida da realidade, o que pode indicar o compartilhamento de conteúdo de vídeo gravado na ocasião e posteriormente manipulado para retratar um cenário fantasioso", apontou a PGR.
A Polícia Federal já havia dado o caso como encerrado e apresentado as conclusões do inquérito. Agora, Toffoli determinou a "complementação" da investigação, o que na prática reabre a fase de diligências.
No relatório final, a PF concluiu que o empresário Roberto Mantovani cometeu o crime de "injúria real" — emprego de violência ou vias de fato para ofender a dignidade ou o decoro de alguém. A Polícia Federal decidiu não indiciá-lo porque o crime tem menor potencial ofensivo. Isso não significa que ele foi inocentado. A PGR ainda precisa decidir se é o caso de denúncia. E, para a Procuradoria-Geral da República, o caso pode ser mais grave.
No parecer que pediu diligências complementares, a PGR sinaliza que o empresário e seus familiares podem ter mentido. Também repreende as ofensas a Moraes: "a falsa imputação da conduta criminosa ao Ministro foi realizada pelos investigados de maneira pública e vexatória. É claro o objetivo de constranger e, acaso, até de provocar reação dramática, tudo a ser registrado em vídeo e compartilhado".