O Brasil recebe, nesta quarta-feira (21), ministros de Relações Exteriores dos países do G20 — grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo — para uma reunião no Rio de Janeiro. O evento está previsto para seguir até quinta-feira.
No encontro, o Brasil tem como prioridade discutir meios de reformar e fortalecer a Organização das Nações Unidas (ONU). Foi o que deixou claro, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (20), o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Mauricio Carvalho Lyrio. Segundo ele, há urgência em reestruturar a governança global e garantir mecanismos de construção da paz:
— Nós estamos apagando incêndios. Com 183 conflitos no mundo, é uma situação tão catastrófica do ponto de vista dos direitos humanitários, que a ação tem que ser estrutural.
De acordo com Lyrio, a ideia é ter uma "reforma efetiva da ONU" para que a organização "seja de fato um instrumento eficaz para evitar a ocorrência de conflitos".
O secretário ainda complementou:
— Há países que privilegiam a reforma do Conselho de Segurança, outros que privilegiam o empoderamento da Assembleia Geral, ou o fortalecimento do Conselho Econômico e Social. O Brasil sempre foi muito aberto à reforma como um todo. A ONU tem que se tornar mais representativa e atualizada em relação às necessidades contemporâneas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reiterado a necessidade de reformas em instituições como a ONU, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. De acordo com o portal g1, em visita recente à Etiópia, ele afirmou que a ONU não tem "dado conta" de resolver os problemas.
Encontro com representante dos EUA
Além de participar da reunião do G20, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, se encontrará com Lula nesta quarta-feira (21), às 9h, no Palácio do Planalto. Conforme comunicado do governo americano, o secretário irá enfatizar o apoio dos Estados Unidos à presidência do Brasil no G20 e à parceria entre os dois países pelos direitos dos trabalhadores e na cooperação na transição para energia limpa.
Outro tema que deve ser tratado na conversa é a disputa entre Venezuela e Guiana em torno do território de Essequibo.
— O governo brasileiro expressou sua preocupação com a situação ali e desempenha um papel importante para ajudar a resolver as tensões entre as autoridades de Maduro e o governo da Guiana sobre o Essequibo, por exemplo — informou o secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols.
Na quinta-feira (22), Blinken irá à Argentina para se encontrar com o presidente Javier Milei a fim de discutir questões bilaterais e globais, como crescimento econômico sustentável, prosperidade econômica, direitos humanos e reforço do comércio entre os dois países.
Reuniões do G20
O Brasil está na presidência rotativa do G20 desde 1º de dezembro de 2023 e permanece na posição até 30 de novembro de 2024. A previsão é de que, neste período, ocorram cerca de 130 reuniões, realizadas entre 15 cidades do país. A mais importante será a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20, marcada para 18 e 19 de novembro deste ano, no Rio de Janeiro.
Os encontros desta quarta e quinta-feira, na Marina da Glória (na cidade do Rio de Janeiro), devem contar com participação de representantes de todos os membros do grupo: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Africana e União Europeia.
O Brasil convidou outros países e entidades para participar da reunião de chanceleres no Rio de Janeiro. É o caso de Angola, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura, além do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird, também conhecido como Banco Mundial), da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, da Corporação Andina de Fomento, do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), da ONU, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Mundial do Comércio (OMC), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Organização para o Tratado de Cooperação Amazônica.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, as discussões durante o ano estarão estruturadas em torno de três prioridades: inclusão social e combate à fome e à pobreza, promoção do desenvolvimento sustentável (considerando três pilares: social, econômico e ambiental) e reforma das instituições da governança global.