Uma disputa centenária sobre o controle da região de Essequibo, entre a Venezuela e a Guiana, vem escalando nos últimos dias. O aumento dos desgastes se deu após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, realizar um plebiscito sobre a anexação do território ao seu país em 3 de dezembro. Desde então, as movimentações políticas acerca do tema são diárias.
A região fronteiriça entre os dois países, de 160 mil km², é administrada pela Guiana apesar da antiga reivindicação de Caracas pela região, que possui depósitos de petróleo e minerais, bacias hidrográficas e as famosas cataratas Kaieteur.
Localizada a oeste do rio Essequibo, a região representa 75% do território da Guiana e seus 125 mil habitantes — pouco mais de 15% dos 800 mil de todo o país — falam inglês. Georgetown, capital do país, defende uma fronteira definida em 1899 por um tribunal de arbitragem.
Caracas, por sua vez, argumenta que o rio é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era Capitania Geral do império espanhol e apela ao Acordo de Genebra. Assinado em 1966 (antes da independência da Guiana do Reino Unido), o acordo anula a decisão anterior e estabelece as bases para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.
Veja o desenrolar da crise nos últimos dias:
Domingo, 3/12
Mesmo após a decisão da Corte Interamericana de Justiça (CJI) que proibiu a Venezuela de tentar anexar a região de Essequibo, o governo da Venezuela realiza um referendo sobre o assunto. Das 20,7 milhões de pessoas aptas a votar, 10,5 milhões compareceram.
Segunda, 4/12
Governo divulga resultado do referendo, que registrou 95% de apoio à anexação de Essequibo. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, diz que "não há nada a temer".
Terça, 5/12
Nicolás Maduro envia à Assembleia Nacional um projeto de lei para criação de uma província venezuelana na área de Essequibo e apresenta um novo mapa do país, que inclui a região. Exército brasileiro decide enviar blindados e reforçar as tropas na fronteira com Venezuela e Guiana.
Quarta, 6/12
Irfaan Ali apela ao Conselho de Segurança da ONU, que convoca uma reunião de emergência, e a outros aliados para garantir apoio em uma eventual invasão militar. Uma aeronave da Guiana cai na região de Essequibo, matando cinco militares de alto escalão, mas não há indícios de envolvimento da Venezuela.
Quinta, 7/12
Estados Unidos realiza exercícios militares com as Forças de Defesa de Guiana na região de Essequibo. Maduro classifica o movimento como provocação. Em cúpula no Brasil, Mercosul aprova comunicado em que os países expressam "profunda preocupação com a elevação das tensões”.
Sexta, 8/12
Maduro anuncia que irá à Rússia, demonstrando que mantém contato com aliados que rivalizam com os EUA.