Os Estados Unidos farão exercícios aéreos militares na Guiana, em meio às tensões entre Georgetown e Caracas por uma disputa territorial, anunciou a embaixada americana nesta quinta-feira (7). A operação ocorre após o desaparecimento de um helicóptero guianense na fronteira com a Venezuela, que a princípio, tem relação apenas com o mau tempo na região onde teria caído.
"Em colaboração com as Forças de Defesa da Guiana, o Comando Sul dos Estados Unidos conduzirá operações de voo dentro da Guiana em 7 de dezembro", informa um comunicado divulgado pela embaixada americana na Guiana.
O texto acrescenta que "esse exercício se baseia em compromissos e operações de rotina para melhorar a associação de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e fortalecer a cooperação regional".
O anúncio dos Estados Unidos se dá quatro dias depois da Venezuela realizar um referendo sobre a anexação do território de Essequibo, o que intensificou ainda mais as tensões entre os dois países que disputam há mais de um século essa área rica em petróleo e administrada por Georgetown.
Os Estados Unidos disseram, ainda, que vão continuar sua "colaboração" com as Forças Armadas da Guiana "nas áreas de preparação para desastres, segurança aérea e marítima e luta contra as organizações criminosas transnacionais".
Na quarta-feira, o governo da Venezuela acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar "sinal verde" às bases militares dos Estados Unidos em Essequibo.
"De maneira irresponsável, deu sinal verde à presença do Comando Sul dos Estados Unidos no território da Guiana Essequiba, sobre o qual a Guiana mantém uma ocupação de facto", afirma um comunicado divulgado pela Chancelaria, referindo-se a Ali.
A Venezuela alega que Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha, e apela ao acordo de Genebra. Este último foi assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, lançando as bases para uma solução negociada e anulando um laudo de 1899 que definia os limites atuais.
A Guiana defende esse laudo e pede que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição é desconhecida pelo governo da Venezuela.