O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou neste sábado (9) que deve haver déficit orçamentário ano que vem se for preciso. O deputado avaliou que a busca pela meta de zerar o rombo das contas públicas pode fazer com que a sigla perca as eleições municipais. Ele defendeu ainda que é necessário "mobilizar bem" a militância para que a legenda saia vitoriosa na disputa pelas prefeituras em 2024.
Guimarães falou por cerca de 15 minutos durante uma mesa na Conferência Eleitoral do PT, em Brasília.
— Eu estava agora ali conversando com a presidenta Gleisi (Hoffmann). Se tiver que fazer déficit, nós vamos ter que fazer. Porque senão, a gente não ganha eleição em 2024 — afirmou.
No mesmo evento, Gleisi e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discordaram sobre o rumo da política econômica do governo. Depois de a presidente do PT criticar a meta de acabar com o rombo fiscal, o chefe da equipe econômica disse que "não é verdade" que o déficit nas contas públicas gera crescimento.
— Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia — declarou Haddad.
A disputa no governo em torno da meta fiscal esquentou no final de outubro, quando Lula disse que "dificilmente" o governo conseguiria zerar o rombo das contas públicas em 2024. Diante dessa declaração, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, aumentou a pressão para uma mudança na meta para um déficit de 0,50% no ano que vem.
No entanto, Haddad conseguiu convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a manter a meta zero pelo menos até março, enquanto ele tenta aprovar no Congresso projetos que aumentem a arrecadação.
— Nós precisamos mobilizar bem. É claro que o governo Lula tem uma responsabilidade fiscal muito grande. Todo mundo sabe disso. Agora, nós temos um problema — declarou Guimarães.