A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, nessa sexta-feira (1º), ao Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de um inquérito para investigar se o deputado federal André Janones (Avante-MG) operou um esquema de rachadinha. A vice-procuradora-geral da República Ana Borges informou que, na avaliação da PGR, há indícios "sugestivos" que justificam a abertura de uma investigação.
Segundo a procuradora, com base em informações preliminares, o deputado será investigado por associação criminosa, peculato e concussão.
Ao Estadão, Janones disse que espera que o Supremo autorize o inquérito.
— É o único meio de eu provar minha inocência cabal — afirmou.
A PGR afirma na solicitação que é necessário investigar se Janones se associou aos assessores para desviar dinheiro público ou se exigia parte dos salários dos funcionários em troca das nomeações. "Como reportados, os fatos são graves e há indícios suficientes sugestivos", escreveu a vice-procuradora.
O processo ainda não foi distribuído. Caberá ao ministro relator decidir se autoriza ou não a instauração do inquérito.
Áudios
O deputado foi arrastado para o centro de suspeitas de corrupção depois que o portal Metrópoles divulgou áudios em que ele pede doações de assessores para compensar gastos de campanha.
— Tem algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas que ficou (sic) da minha campanha de prefeito — afirma Janones no áudio, ao relatar que tem uma dívida de R$ 675 mil. O comentário foi feito logo após o deputado dizer que não vai aceitar corrupção em seu mandato.
Acareação
Fabrício Ferreira de Oliveira, um dos ex-assessores que denunciaram o deputado, disse que iria requerer à PGR e à Polícia Federal (PF) uma acareação para comprovar a "rachadinha" praticada pelo parlamentar. A informação foi divulgada pelo site Metrópoles. Fabrício e Cefas Luiz, outro ex-assessor de Janones, acusam o deputado de cobrar de funcionários de seu gabinete o repasse de parte dos salários recebidos.
O mecanismo jurídico está previsto na legislação brasileira e consiste em colocar acusados, testemunhas ou vítimas frente a frente, para que divergências entre as versões de cada um sejam esclarecidas. O ex-assessor afirmou que, nessas condições, conseguiria expor contradições de Janones.
"Sem investigação, são tudo falácias", diz deputado
O deputado André Janones (Avante-MG) disse que espera que o STF atenda o pedido e que o inquérito seja aberto "imediatamente".
— Quero que todos os órgãos investiguem. A Polícia Federal, o STF, a PGR. Tudo o que eu quero é isso — completou.
Um dos aliados do governo Lula mais ativo nas redes sociais, André Janones alega que foi vítima de "armações".
— Sem investigação, são tudo falácias. Vai ter minha palavra de um lado e a palavra do assessor do outro. A única maneira em que as minhas palavras podem ser transformadas em formas cabais da minha inocência é através da investigação — concluiu.