A sessão plenária da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi dominada, nesta terça-feira (10), por debates entre deputados de direita e de esquerda sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, baseado na Faixa de Gaza. As falas sobre o conflito, iniciado no sábado (7) a partir da invasão do território israelense, tomaram uma hora e 10 minutos da reunião. De um lado, representantes da direita questionaram a posição de colegas da esquerda em relação ao ataque terrorista. Do outro, parlamentares reivindicaram condenação a atos de Israel em relação aos palestinos.
Durante o período inicial, chamado de comunicação de lideranças, 12 deputados estaduais — de diferentes posições ideológicas — se revezaram na tribuna para se posicionar sobre o conflito no Oriente Médio. Entre parlamentares de direita, houve uma série de críticas a uma manifestação em rede sociais feita pela colega Luciana Genro (PSOL).
A questão foi apresentada por Claudio Branchieri (Podemos), que cobrou postura ativa de Luciana em relação aos crimes cometidos pelo Hamas.
— Israel sofre agressões desde o primeiro dia em que foi criado. E é muito fácil entender o conflito: um lado, o Hamas, quer o outro lado aniquilado. Não há complexidade neste conflito — disse Branchieri.
Issur Koch (PP) reforçou a cobrança e pediu minuto de silêncio "em nome das 1,2 mil pessoas que morreram", e Eliana Bayer (Republicanos), representante da bancada evangélica, pediu apoio das parlamentares mulheres às vítimas dos crimes praticados pela facção:
— Deixo aqui, em nome da bancada evangélica, toda nossa solidariedade àquele país (Israel).
Felipe Camozzato (Novo) endossou as críticas aos políticos e movimentos sociais de esquerda que têm evitado críticas ao Hamas ou relativizado as ações do grupo extremista:
— Nota do MST chama de brava resistência, relativizando o terrorismo.
Rodrigo Lorenzoni (PL) também pediu que deputados de esquerda se posicionassem de forma clara sobre os atos do Hamas:
— Mulheres estupradas, crianças assassinadas, isso não lhe sensibiliza, deputada Luciana (Genro)? Deputada Laura (Sito)? Deputado (Leonel) Radde, com o seu gabinete antifascista: isso (do Hamas) não é um ato fascista? Respeito a esquerda, estou questionando parte da esquerda radical.
Em resposta, Luciana cobrou dos colegas de direita que sejam contrários não apenas aos crimes cometidos pelo Hamas, mas também a condutas do Estado de Israel.
— O que acontece em Israel e na Palestina é uma tragédia. Estou disposta, sim, a reconhecer que o que aconteceu foi um atentado terrorista. Desde que os senhores também reconheçam que Israel é um Estado terrorista. Um Estado que se criou em um ato terrorista, quando mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas casas, de suas terras, para oferecer um lar ali para o povo judeu — disse ela, acrescentando:
— O Estado de Israel foi formado em cima do cadáver de milhões de palestinos, que foram expulsos de suas terras. E as mulheres foram também estupradas e mortas.
Pepe Vargas (PT) leu nota emitida no dia 7 pelo seu partido, texto que repudia as agressões, sem, contudo, classificar o Hamas como grupo terrorista.
— O PT expressa sua preocupação com a recente escalada de violência envolvendo palestinos e israelenses, com diversas vítimas civis, incluindo crianças e idosos. O PT repudia todo e qualquer ato de violência e se solidariza com todas as vítimas e seus familiares — disse Vargas, acrescentando:
— Criou-se o Estado de Israel e não criou-se, até hoje, o Estado palestino. Enquanto não houver a possibilidade de o povo palestino ter a sua autodeterminação, infelizmente a violência vai continuar.
Passadas as comunicações de lideranças, os deputados votaram o Projeto de Decreto Legislativo 7/2023. O texto trata da indicação de seis pessoas pelo governo do Estado para integrar a gestão do Banrisul. A proposta foi aprovada com 50 votos favoráveis, e nenhum contrário. O último ato foi a votação do PDL 8/2023, da Mesa Diretora. O texto reconhece a ocorrência do estado de calamidade pública no Estado e em municípios. O texto foi aprovado com 52 votos favoráveis e nenhum contrário. As votações levaram 10 minutos.