O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, defendeu em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, publicada neste domingo, a criação de uma frente para aumentar o protagonismo das regiões Sul e Sudeste na política nacional. Após a fala, ele ganhou apoio do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, mas foi criticado por gestores de estados nordestinos.
O governador mineiro declarou que os governadores das duas regiões querem maior protagonismo na política e na economia, e pretendem agir em bloco para evitar perdas econômicas contra outras regiões do país.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente. Já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”, afirmou.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, saiu em defesa da ideia e afirmou que o grupo quer mais "equilíbrio" na reforma tributária. Após receber críticas nas redes sociais, ele justificou sua posição.
"A gente nunca achou que os estados do Norte e do Nordeste haviam se unido contra os demais Estados do país. Pelo contrário: a união em torno desses Estados em torno da pauta que é de interesse comum deles serviu de inspiração para que a gente possa finalmente fazer o mesmo. Não tem nada a ver com frente de Estados contra Estados", afirmou Leite.
Críticas no Nordeste
A declaração de Zema provocou reações entre os governadores nordestinos. O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), presidente do Consórcio Nordeste, disse em nota que a fala é uma leitura "preocupante" do Brasil.
"Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais", afirma o texto.
O governador Rafael Fonteles, do Piauí, também teceu críticas a Zema. "Quem apostar contra a união do povo brasileiro vai perder", disse.