Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), chegou a Brasília na tarde desta quarta-feira (9), transferido de Santa Catarina, onde foi preso preventivamente. Ele é o alvo principal da Operação Constituição Cidadã, que ainda cumpre 10 mandados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.
Por volta de 16h45min, o avião da Polícia Federal que transportava Silvinei pousou no Aeroporto de Brasília. Nesta quarta, o ex-diretor deverá ficar na Superintendência da PF. Segundo informação do g1, na quinta-feira (10), ele deve seguir para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Silvinei é investigado pela Polícia Federal no inquérito que apura a atuação da PRF no dia de votação do segundo turno das eleições do ano passado. A investigação busca esclarecer se a ação policial teria como objetivo atrapalhar a chegada de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula Silva, sobretudo no Nordeste, aos colégios eleitorais. Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro de 2022 e executados no dia do segundo turno, quando houve patrulhamento ostensivo da PRF.
No Rio Grande do Sul, o ex-superintendente da Polícia Rodoviária e ex-diretor nacional de Inteligência da corporação Luís Carlos Reischak Júnior foi alvo da operação. Agentes da PF cumpriram mandados de busca e a apreensão em seu endereço. Ele foi intimado a se apresentar e prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Porto Alegre. As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação conta com o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou ainda o depoimento de 47 policiais rodoviários federais.
Veja quem são os membros e ex-membros da PRF investigados
- Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência;
- Rodrigo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto;
- Wendel Benevides, ex-corregedor-geral;
- Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT);
- Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional;
- Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações; e
- Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime.
A investigação
No dia do segundo turno, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chegou a se reunir às pressas com Silvinei para ordenar a suspensão das blitze. Na véspera da votação, Moraes expediu decisão para proibir que a PRF abordasse veículos utilizados no transporte público de eleitores. Chegado o dia 30 de outubro, porém, as redes sociais foram tomadas por vídeos de ônibus no Nordeste paralisados por policiais rodoviários.
Às vésperas do pleito, ele chegou a usar sua conta para pedir o voto no então presidente Jair Bolsonaro. Ele publicou nos stories uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: "Vote 22, Bolsonaro presidente".
Silvinei é alvo de investigação não só pelas blitze da PRF em meio ao segundo turno das eleições, mas também pela conduta antes os bloqueios de rodovias que ocorreram após Luiz Inácio Lula da Silva sair vitorioso das urnas.
Ele ainda é acusado de improbidade administrativa e uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura de Bolsonaro.
Quem é Silvinei Vasques
Silvinei Vasques assumiu a chefia da PRF em abril de 2021, quando foi empossado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres — alvo de investigação por suposta omissão ante os atos golpistas de 8 de janeiro. O ex-diretor da PRF se aposentou em dezembro do ano passado, aos 47 anos, no meio de uma série de investigações sobre sua atuação em meio às eleições.