O governo liberou R$ 465 milhões da verba do Ministério da Saúde, alvo de interesse do centrão, às vésperas de votações importantes para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara dos Deputados. Deste valor, R$ 107 milhões serão destinados a Alagoas, o Estado mais favorecido e reduto de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa.
Conforme o jornal A Folha de S. Paulo, o Ministério da Saúde possui R$ 3 bilhões herdados pelo governo após o fim das emendas de relator, que eram uma importante moeda de troca nas negociações entre Jair Bolsonaro (PL) e os parlamentares.
Até a semana passada, a pasta comandada por Nísia Trindade era alvo de reclamações de membros do Congresso por não ter liberado nada desse dinheiro, que, embora não seja uma emenda parlamentar, tem sido utilizado por Lula na articulação política.
Segundo os articuladores do governo, o montante liberado deve chegar a R$ 600 milhões até o final da semana, quando a Câmara planeja votar três projetos econômicos considerados essenciais para Lula, incluindo a reforma tributária.
Em fevereiro, Lula fez um acordo com Lira para que parte dos recursos dos ministérios seja usada para financiar emendas de deputados novatos que contribuíram para a reeleição do presidente da Câmara.
Herança
Lula herdou R$ 9,85 bilhões das extintas emendas de relator, sendo que a pasta de Nísia ficou com a maior fatia desse montante. Essa verba foi designada como recurso dos ministérios, mas recebeu uma rubrica específica para facilitar a atuação e o monitoramento do Palácio nos repasses feitos por meio de parlamentares ou grupos políticos.