A Polícia Federal prendeu, nessa terça-feira (27), na cidade de São Paulo, Walter Delgatti Netto, que atuou como hacker na chamada "Vaza Jato" — o vazamento de diálogos de procuradores que atuavam na operação Lava-Jato, em 2019. Segundo os investigadores, Delgatti descumpriu a determinação judicial de não usar a internet.
Em relatório, a PF destacou que foi criado um e-mail ligado à conta bancária do hacker para angariar doações por Pix, além de contas para serviço de backup em nuvem. Delgatti também teria feito uma conta em um site de compras na qual enviou documentos “contendo autofotografias em datas posteriores à decisão judicial de proibição de acesso à internet”.
Conforme o site O Globo, as autoridades registraram, no pedido de prisão, que Delgatti não podia ser encontrado nos dois endereços que forneceu à Justiça, em Araraquara e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
"Resta claro que Walter Delgatti Neto, além de não ter interrompido o seu acesso à internet, deixou propositalmente de atualizar seu endereço perante a Justiça Federal, tendo apenas deixado seu contato com um porteiro do edifício de onde se mudou há mais de três meses, sem informar outro endereço correto, o que evidentemente demonstra o intuito de se ocultar de eventual decisão judicial" afirmou o Ministério Público Federal ao analisar o caso.
Os advogados do hacker, Ariovaldo Moreira e Matheus Henrique Moreira, disseram que Delgatti "manteve postura colaborativa no momento da ação policial, admitiu que acessou a internet por necessidade, pois para ele se trata de um instrumento de trabalho".
A prisão preventiva do hacker foi decretada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Delgatti foi acompanhado pelo advogado Ariovaldo Moreira.
Os vazamentos
Delgatti havia sido preso em julho de 2019, durante a Operação Spoofing, que desarticulou um grupo "que praticava crimes cibernéticos", segundo a PF. À época, o hacker admitiu que entrou nas contas do Telegram de procuradores da Operação Lava-Jato e que repassou mensagens ao site The Intercept Brasil.