Durante a abertura da 17ª edição do Bahia Farm Show, nesta terça-feira (6), no município de Luis Eduardo Magalhães (BA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou de defender a harmonia entre os pequenos e grandes produtores.
— Ora, são duas coisas totalmente necessárias ao país. Não há rivalidade. O Brasil precisa dos dois porque os dois ajudam o Brasil. É preciso parar de construir rivalidade onde ela não existe. A gente não pode dar corda para o discurso ignorante. Por que eu poderia ser contra um produtor rural que quer terra pra trabalhar? Por que eu poderia ser contra um grande produtor que está produzindo e vendendo sua soja ou fazendo o Brasil voltar a plantar algodão? —frisou.
Outro ponto destacado pelo presidente no seu discurso foi a relação da agricultura com a indústria:
— A verdade é que precisamos dos dois, uma coisa complementa a outra. Temos que valorizar os dois. Quando a agricultura vai bem, a indústria de máquinas vai bem. De vez em quando, se inventa uma discussão que não tem nem pé nem cabeça.
Lula ainda defendeu as políticas do PT para o agro em comparação com a adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Se não é o Estado colocar o dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está para financiar máquinas, safra e garantir exportações — disse.
Segundo ele, é "mentira" dizer que os produtores do setor não precisam do governo.
— Quem é do agro sabe como foi o Plano Safra no ano passado, talvez o pior da história do agronegócio — criticou o presidente, em referência ao modelo adotado pelo ex-governo.
Crítico do atual nível da Selic, hoje em 13,75%, Lula criticou os juros cobrados do setor agro.
— Quem é da agricultura sabe o que aconteceu no tempo em que o PT governava esse país. Vocês compravam essas máquinas que parecem coisa de outro mundo pagando 2% de juro ao ano. Hoje vocês estão pagando 18, 19% ao ano. Está praticamente impossível as pessoas comprarem e nós entendemos que é obrigação do Estado criar as condições e ajudar — destacou.
Segundo Lula, as pessoas que defendem a industrialização do país dizem: "Não queremos ser exportadores de commodities, queremos exportar produtos manufaturados, porque a indústria paga um salário melhor. Só commodity não interessa".
Crédito
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou a liberação de R$ 3,6 bilhões para o Plano Safra (Safrinha) e de R$ 4 bilhões em linha de financiamento em dólar para investimentos no Crédito Rural — para a construção e ampliação de armazéns, obras de irrigação, formação e recuperação de pastagens, geração e distribuição de energia de fontes renováveis e regularização ambiental da propriedade.
— A linha dolarizada parou de ser agora só para investimentos em máquinas. Ela é agora uma linha de crédito para programas. Tudo aquilo que o produtor tiver necessidade, quer seja compra de calcário, a conversão de pastagens em áreas de agricultura, todos os investimentos em máquinas, armazéns. Inclusive, a construção civil dessas obras será financiada por essa linha de crédito dolarizada — explicou.