O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou, na quinta-feira (25), o esvaziamento dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de Marina Silva, e dos Povos Originários, de Sônia Guajajara. Lula participou de cerimônia do Dia da Indústria na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin. Segundo o presidente, a intervenção do Congresso é "normal".
Na quarta (24), a comissão especial formada por deputados e senadores para tratar da Medida Provisória (MP) dos Ministérios aprovou parecer que enfraqueceu as pastas de Marina e Sônia. Quatro parlamentares do PT deram aval às mudanças.
— Tem dias que a gente acorda com notícias parecendo que o mundo acabou. Eu fui ver o que estava acontecendo, era a coisa mais normal — disse o presidente a empresários, ao lado também do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— Até então a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão no Congresso Nacional resolveu mexer. Coisa que é quase impossível de mexer na estrutura de governo, porque é o governo que faz. E agora começou o jogo. Nós vamos jogar, vamos conversar com o Congresso, vamos fazer a governança daquilo que a gente precisa fazer — disse o presidente.
Lula encerrou o assunto defendendo a política e a negociação.
— O que a gente não pode é se assustar com a política. Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior. É na política que se tem as soluções dos grandes e pequenos problemas do país — afirmou.
Almoço com o presidente
Antes de ir para a Fiesp, Lula almoçou com Marina Silva no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em um evento em homenagem ao Dia da África. O encontro foi registrado pela ministra, que publicou uma fotografia ao lado do presidente.
Mais cedo, em entrevista à GloboNews, Marina disse que o governo está vivendo "a crise dos seis meses" e comparou o cabo de guerra no Congresso com o que passou nos primeiros mandatos de Lula, quando também foi ministra. Na época, ela deixou o governo após a gestão petista dar aval para a construção da Usina de Belo Monte, em Altamira (PA).
Ela também avaliou a atual articulação política do Palácio do Planalto no Congresso:
— Ninguém constrói uma maioria porque tem vontade. A gente constrói quando há condições objetivas para isso. E, nesse momento, o governo vive, sim, essa dificuldade.