O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado (22) o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Em sua primeira viagem à Europa no terceiro mandato, o chefe do Executivo brasileiro disse, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que, no que depender dele, o acordo será feito, assim como a retomada da união da América do Sul.
— No que depender de mim, nós vamos fazer o acordo União Europeia-Mercosul. Faltam pequenos ajustes, nós temos condições de fazer (...) Se depender de mim, a gente vai rearticular a unidade da América do Sul, pois queremos provar que, juntos, somos um grande bloco econômico e temos muito mais chances de negociar em igualdade de condições com a União Europeia — afirmou Lula durante a XIII Cimeira Luso-Brasileira, evento que faz parte da agenda que cumpre em Portugal.
As declarações de Lula aconteceram logo após a assinatura de 13 atos de cooperação entre os países em diversos setores. Em seu discurso, ele afirmou que os acordos assinados, que envolvem medidas nas áreas da educação e saúde, representam um ato nobre na relação entre os países.
Segundo o presidente, o Brasil quer compartilhar das possibilidades de investimentos e construir uma política de compartilhamento de sociedade, para que as empresas de ambos países possam crescer juntas.
— Somente isso vai fazer com que a gente tenha possibilidade de dar ao Brasil um lugar no mundo que ele já deveria ter conquistado. Quando deixei a Presidência, o Brasil tinha se transformado na sexta economia do mundo. Quando voltei, o Brasil era a 13ª — declarou.
Lula disse que os brasileiros se sentem em casa quando estão em Portugal:
— Portugal, para nós, é uma extensão da nossa casa chamada Brasil, e acho que o Brasil é extensão da casa chamada Portugal. É assim que precisamos nos relacionar, sem disputas, sem profundas divergências, pois as divergências entre nós serão resolvidas numa mesa de negociação. Porque a grande arte da política é a gente aprender a conviver democraticamente na diversidade.
Lula também criticou a gestão anterior.
— Voltamos para governar o país. Primeiro, para recuperar todas as políticas de inclusão social que tínhamos feito. Pois passamos 13 anos para acabar com a fome no nosso país, passamos 13 anos para fazer universidades e escolas técnicas, para fazer programa de saúde. Eles destruíram tudo em quatro anos, é como se fosse uma praga de gafanhoto atacando milharal em um país qualquer. E nós estamos a reconstruir as políticas sociais — emendou.
Além disso, ele afirmou que o Brasil passou os últimos quatro anos isolado no mundo.
— A gente teve um governo que não viajava, porque ninguém queria recebê-lo, e não recebia ninguém porque ninguém queria visitá-lo — disse, citando que talvez o Brasil tenha sido o país mais rejeitado do planeta Terra.
O presidente também disse que pretende voltar a visitar a África para negociar.
— E tudo isso passa por uma conversa com Portugal, pois Portugal é o grande aliado nessa relação — disse.
Retomada de obras
Segundo Lula, em maio o governo passará a discutir política de desenvolvimento, com estabelecimento de programas de infraestrutura, nas áreas de ferrovias, rodovias e pontes.
— Só de obras paralisadas são 14 mil. Só na área de educação, são 4 mil obras paralisadas. Vamos assumir o compromisso de imediatamente começar a entregar 1,6 mil creches que deixaram de ser feitas desde que deixei a Presidência da República — disse.
De acordo com o presidente, seu governo voltou para recuperar as políticas sociais e que está de volta para melhorar a relação com Portugal e construir políticas de compartilhamento com o país europeu.
Nessa linha, o presidente anunciou que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) vai montar um escritório em Lisboa.