Jairo Jorge retomou o cargo de prefeito de Canoas nesta terça-feira (28), quase um ano após ter sido afastado. O retorno foi possível porque o último prazo do afastamento provisório se encerrou na segunda-feira (27), e a medida não foi renovada. Jairo Jorge é investigado na Operação Copa Livre, que analisa possíveis irregularidades na contratação de serviços terceirizados de limpeza e copeiragem pela prefeitura. O processo foi remetido à Justiça Federal após decisão da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) do RS.
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira, Jairo Jorge afirmou que, neste primeiro momento, montará uma equipe de transição. A nova composição do governo será definida em até 15 dias. Alguns nomes do primeiro escalão poderão ser mantidos, segundo ele, principalmente de servidores de carreira.
— Vamos fazer um mapa das finanças. Temos uma dívida muito grande, que está afetando os serviços. Vamos fazer a avaliação dos atos que ocorreram nos últimos meses, assim como uma reorganização administrativa. Algumas trocas vão acontecer, mas com muita serenidade e tranquilidade — disse o prefeito.
Uma das primeiras medidas tomadas por Jairo Jorge será a suspensão do carnaval de Canoas, previsto para o próximo fim de semana. Conforme ele, a medida é justificada pelos problemas financeiros da prefeitura.
— Eu sou um defensor no Carnaval, sempre fiz, mas tem momento certo — argumentou.
Entenda o caso
A operação Copa Livre foi deflagrada pelo Ministério Público (MP) e o caso corria na Justiça do Rio Grande do Sul. No início de março, porém, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) do RS decidiu que, como as supostas irregularidades envolvem desvio de recursos federais, o processo devia ser remetido à Justiça federal.
A defesa de Jairo Jorge havia feito este pedido, de federalização do caso, e alegou que, com isso, as medidas cautelares, como o afastamento do investigado do cargo, perderiam validade, por terem sido "produzidas por autoridade incompetente". O MP recorreu da federalização.
Como não houve nova determinação da Justiça sobre o afastamento provisório, foi possível o retorno do político ao cargo.
Questionado se teme uma nova liminar que possa o afastar do cargo mais uma vez, Jairo Jorge reafirmou que acredita no Poder Judiciário:
— Não há sentido nisso. A investigação não tem elemento de pessoalidade ou recorte ideológico. É um trabalho sério. O que acontece agora é que esse trabalho vai para a Justiça Federal. O que pode ocorrer é um novo depoimento, mas medida cautelar, nesse momento, um ano depois do afastamento, não. Estou aqui para trabalhar com foco e com transparência.
Procurada, a assessoria do MP afirmou que o MP interpôs embargos de declaração contra a decisão de declinar para Justiça Federal a competência jurídica sobre o caso e que, enquanto isso, o MP não vai se manifestar sobre o assunto.
"Sei o que fiz no verão passado"
Essa foi uma das últimas frases de Jairo Jorge na entrevista ao programa Gaúcha Mais, no sentido de reafirmar que sua consciência está tranquila. Para ele, não há mais motivo para estar afastado do cargo:
— A medida cautelar é para garantir que as investigações possam ocorrer com total liberdade. Todas as testemunhas foram ouvidas. As denúncias foram apresentadas. A fase de investigação já ocorreu. A medida cautelar não é uma antecipação de pena. Estarei à disposição da Justiça Federal, do Ministério Público Federal, do Ministério Público estadual e da Justiça estadual para qualquer esclarecimento. Esse é o papel do gestor público. Não há nenhuma falha minha que incentive ou apoie qualquer ato ilegal ou ilícito.
Sobre a saúde, área na qual surgiram suspeitas sobre o prefeito, Jairo Jorge afirma que vai trabalhar para melhorar a gestão dos hospitais e, também, da rede de atenção básica. Jairo Jorge estava afastado do cargo desde 31 de março de 2022. Nesse período, o município ficou sob o comando do vice-prefeito, Nedy de Vargas Marques.