O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) se manifeste sobre um pedido do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), coronel Fábio Augusto Vieira, para reaver o celular, notebooks e HDs externos apreendidos em sua casa durante buscas da investigação que mira suposta omissão de autoridades do DF ante os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
A PF vai dizer se é necessária a manutenção dos aparelhos sob custódia dos investigadores para aprofundamento das apurações sobre a ofensiva de radicais que depredaram dependências das sedes dos três poderes.
O pedido em nome do coronel foi levado ao Supremo pelo advogado Thiago Turbay, que defende o militar.
O ex-comandante chegou a ser preso sob suspeita de "conivência" com os ataques daquele domingo, assim como o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres. No início de fevereiro, o militar foi colocado em liberdade provisória por ordem de Moraes. A decisão contrariou parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou que o ex-comandante da PM deveria ter "mobilizado toda a tropa a tempo e hora de conter o avanço do grupo golpista".
Em depoimento à PF, coronel Vieira chegou a afirmar que, em meio à eclosão do ato golpista, o Exército "estava mobilizado para não permitir" a entrada da PM no Setor Militar Urbano, onde estava localizado o acampamento bolsonarista montado em Brasília, em frente ao Quartel General.
Ao divulgar relatório sobre os atos golpistas, o interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, citou a atuação do ex-comandante. Para Cappelli, o coronel "tentou defender as linhas, o Congresso Nacional, mas apesar das tentativas seus apelos e ordens não foram atendidos".
O documento foi usado pela defesa do ex-comandante para pedir sua soltura. Moraes citou o relatório na decisão em que colocou o militar em liberdade provisória.