A vereadora de Montenegro, no Vale do Caí, Camila Carolina de Oliveira (Republicanos) teve o mandato cassado no começo da tarde desta segunda-feira (16), em votação unânime na Câmara do município. Ela perdeu seu cargo no legislativo municipal por ter participado da gravação de vídeos junto a duas adolescentes, em seu gabinete, em que dubla o funk chamado O Proibidão do Bolsonaro, uma paródia de Baile de Favela feita por MC Reaça, e outro em que chama petistas de "vagabundos", ato que configurou quebra de decoro parlamentar.
De acordo com a comunicação da Câmara de Vereadores, foi o primeiro caso de parlamentar cassado em 150 anos de história de Montenegro. Foram nove votos pela cassação, em sessão que não contou com a presença da própria acusada, representando uma votação unânime.
O suplente Cristian Souza assume o cargo da vereadora. Ele foi eleito pelo mesmo partido dela, o Republicanos, com 506 votos nas urnas em 2020. A sessão foi encerrada com palmas e comemoração por parte do público presente no plenário.
Em um dos trechos que foram publicados na rede social TikTok durante o período eleitoral, em 2022, Camila aparece entre as duas jovens com uma bandeira do Brasil dançando e cantando: "As mina de direita são as top, mais bela, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela. Bolsonaro salta de paraquedas. Bolsonaro, capitão da reserva". Em outro, ela canta: "Ei, petista, pensou que ia escapar? Se liga vagabundo, tu vai ter que trabalhar".
Contraponto
A ex-vereadora chama a cassação de “golpe” e diz que foi motivada por “perseguição”. Questionada sobre o conteúdo das músicas dubladas, ela argumenta que o funk é parte da cultura brasileira e que a autoria da letra de paródia não foi dela. Camila justifica a ausência na sessão que resultou na sua cassação por não querer "dar palanque" a uma votação que já estaria definida antes de acontecer, segundo ela.
— Foi uma perseguição absurda que sofri, devido a ser uma mulher, por fazer uma paródia de uma música que faz parte da cultura popular que é o funk, fui discriminada e sofri um golpe daqueles que não suportaram ver o meu trabalho. O crime de perseguição a uma mulher parlamentar que não usurpou dos recursos públicos, que se doou para a sociedade montenegrina e o os colegas não suportaram ver o quanto à população estava satisfeita com minha dedicação — comentou.
Sobre não ter comparecido na sessão que cassou seu mandato, Camila disse que já sabia que perderia a votação:
— (Não fui) Porque iria perder o meu tempo e dar palanque para uma votação que já está certa antes mesmo de acontecer? Pois já era propagado na cidade que iriam me cassar de qualquer forma.