A Justiça do Distrito Federal aceitou denúncia contra três pessoas pela tentativa de explosão de uma bomba em uma área próxima ao aeroporto de Brasília, no dia 24 de dezembro de 2022. As informações são do portal G1.
As investigações, conduzidas pela Polícia Civil, concluíram que George Washington de Oliveira Sousa, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza montaram o artefato que foi instalado em um caminhão-tanque de combustível estacionado próximo ao aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. Wellington teria sido o responsável pela instalação da bomba no caminhão de combustível. A defesa dos três afirmou ao G1 que se manifestará apenas depois de analisar a denúncia.
A partir da denúncia, os três acusados devem responder pelo crime de explosão, que pode levar de três a seis anos de reclusão e multa, quando se expõe “a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos”. As acusações de terrorismo serão enviadas para a Justiça Federal.
Veja o que se sabe até o momento sobre o caso:
Onde o artefato foi encontrado?
A bomba foi encontrada por volta das 8h de 24 de dezembro na Estrada Parque Aeroporto, próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Equipes da Polícia Militar (PM), do Corpo de Bombeiros e das polícias Civil e Federal agiram conjuntamente para desativar o explosivo.
O material estava escondido em um caminhão que transportava querosene para o terminal. A PM foi acionada pelo motorista do veículo onde o artefato estava instalado — a participação dele no crime foi descartada.
Primeiro suspeito
O primeiro suspeito de ter montado o artefato no caminhão, George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, foi encontrado e preso ainda em dezembro, em um apartamento no Sudoeste, na região central do Distrito Federal. Ele foi autuado por posse e porte ilegal de armas, munições e explosivos e crime contra o Estado Democrático de Direito.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, ele afirmou à época ter conexões com outros bolsonaristas que acampavam em frente ao quartel-general (QG) do Exército, na capital federal, com apelos golpistas contra a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido, Sousa é empresário do ramo de postos de gasolina no sul do Pará.
Conforme o colunista Humberto Trezzi, de GZH, há meses ele faz nas redes sociais postagens agressivas contra a esquerda, pregando que os militares façam um golpe de Estado e clamando o povo a impedir a posse de Lula.
O investigado tinha licença para portar armas?
Em outubro do ano passado, o investigado obteve licença como CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador). Desde então, gastou cerca de R$ 160 mil em pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições.
O que foi encontrado com ele?
Autoridades localizaram um arsenal de armas, munições e explosivos em posse do suspeito. Apesar de ter o registro de CAC, o documento que valida o porte de armas pessoal estava em situação irregular.
Com ele, de acordo com o portal G1, foi encontrado: um fuzil AR10; duas espingardas calibre 12; 30 cartelas de munição 357 magnum; 39 cartelas de munição 9 mm, contendo 10 munições intactas não deflagradas; e duas caixas contendo 50 munições de 9 mm.
O que o investigado disse à polícia?
Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Sousa disse em dezembro que o objetivo do ato era "dar início ao caos", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas". Ele também afirmou que a ação foi planejada com manifestantes que estão no QG do Exército.
"Então eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação de Estado de Sítio, para impedir a instauração do comunismo Brasil", disse em depoimento.
O bolsonarista radical detalhou também que, na data da prisão do indígena José Acácio Serere Xavante — em 12 de dezembro, quando houve atos de vandalismo em Brasília —, conversou com PMs e bombeiros acionados por conter os manifestantes e concluiu que os agentes estavam "ao lado do presidente" e que, por isso, em breve seria decretada a intervenção das Forças Armadas.
"Porém, ultrapassado quase um mês, nada aconteceu", afirmou à polícia.