A convidada especial da quarta noite de atividades do Fórum Social Mundial em Porto Alegre foi a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que participou da mesa de debates intitulada Fortalecer a Terra, Alimentar o Brasil. Ovacionada pelos presentes ao tomar o microfone, a ministra ocupou o palco do auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa por volta de 19h30min desta quinta-feira (26).
Mais cedo, às 18 horas, o presidente da Casa, o deputado Valdeci Oliveira (PT), acompanhou a ministra em uma coletiva de imprensa no seu gabinete. Em sua fala, a ministra criticou a atuação do governo de Jair Bolsonaro na proteção aos povos indígenas, se referindo à tragédia humanitária da comunidade yanomami de Roraima.
— Os indícios estruturais do que acontece com o povo yanomami foi a atitude genocida do governo de Bolsonaro, que deixou estas comunidades completamente abandonadas, sem políticas públicas de saúde, de proteção, com o garimpo destruindo suas terras, seus estoques naturais de alimento. Eles não têm, mais acesso ao peixe como se tinha antes, nem aos espaços de coleta. Aquilo que se viu foi a desestruturação cultural, econômica e material de um povo que depende do seu território protegido para manter a sua integridade física, cultural e sua própria cosmovisão — disse.
A ministra aponta que, mesmo com a ampliação em R$ 500 milhões na receita obtida pelo governo de transição, o orçamento previsto para 2023 é insuficiente para desenvolver políticas públicas voltadas à preservação ambiental, uma vez que o orçamento já havia sido definido na gestão passada. Segundo ela, a União está buscando captar recursos no exterior junto a governos e ONGs.
— Estive no Egito, estive agora na Suíça, no Fórum Econômico Mundial, e tanto estamos articulando governos para doarem ao fundo amazônico quanto articulando junto à filantropia global para doações neste momento emergencial que estamos vivendo. Estamos em contato com a fundação do Leonardo Di Caprio, que quer fazer uma captação de 100 milhões de dólares para ações de combate ao desmatamento nas florestas tropicais, com a fundação do dono da Amazon, também para captar recursos nessa direção — disse Marina Silva.
A ministra também elencou alguns desafios e diferenças entre sua atuação anterior junto à pasta, onde esteve até 2008, também no governo Lula. Segundo ela, houve aumento do desmatamento, da criminalidade além do desmonte de políticas públicas. Ela também criticou a substituição de técnicos por policiais em cargos relacionados à agenda ambiental.
— Por outro lado, não estamos partindo do zero. Existe todo um know how de experiência que foi implementado nos primeiros governos do presidente Lula, quando eu fui ministra do Meio Ambiente, que levou a excelentes resultados em várias agendas, não somente em relação ao desmatamento, mas criação de unidade de conservação, estabelecimento da política nacional de recursos hídricos, todo o processo de criação de unidades de conservação e políticas voltadas para a área de resíduos sólidos. São medidas que foram feitas e que agora serão atualizadas — disse a ministra.
O Fórum Social Mundial 2023 iniciou na segunda-feira (23) e segue até o sábado (28). A programação completa pode ser consultada no site do evento.