As ruas do Centro Histórico de Porto Alegre foram tomadas por centenas de participantes do Fórum Social Mundial no fim da tarde desta quarta-feira (25). Intitulada Marcha Pela Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta, a caminhada, que faz parte do calendário de atividades do FSM, reuniu centrais sindicais, movimentos sociais, lideranças políticas e a sociedade civil organizada em uma tarde com calor de 30 graus na Capital.
A artista e produtora cultural Negra Jaque, 35 anos, é uma das organizadoras da atividade junto ao grupo de trabalho cultural do Fórum. Ela destaca que um dos principais objetivos da atividade é promover a diversidade cultural da América Latina e discutir um mundo melhor para as gerações futuras.
— A ideia do Fórum é pensar o Brasil para o futuro, não só nas falas, mas também através das amostras de arte e cultura, que são ferramentas de consciência e desenvolvimento humano. Por isso que estamos costurando todo o Fórum mostras culturais que vão do flamenco ao bloco de carnaval, da poesia à batucada, ao teatro — comenta Jaque.
Concentração e caminhada
Por volta de 17h, os primeiros participantes do FSM começaram a chegar ao Largo Glênio Peres para aguardar o momento da caminhada. Enquanto isso, um trio elétrico com um grupo de samba no topo foi alocado em frente ao Paço Municipal onde uma multidão de pessoas se reuniu para prestigiar a apresentação musical.
O relógio do Paço marcava 19h quando os participantes do ato começaram a se posicionar no cruzamento da Praça Montevidéu com a Avenida Borges de Medeiros para iniciar a caminhada. Ao som dos instrumentos de percussão dos músicos que puxaram a marcha, o grupo iniciou a caminhada subindo a Borges de Medeiros.
O colorido das roupas e bandeiras dos coletivos e movimentos sociais chamava a atenção dos pedestres. Alguns puxavam celulares para registrar o movimento, outros apenas observavam curiosos enquanto esperavam o ônibus.
O grupo dobrou à direita na Rua Jerônimo Coelho, por onde seguiu até a Praça da Matriz, onde ocorreu a dispersão. O trajeto até a frente do Palácio Piratini levou pouco menos de meia-hora. No local, também foram apresentadas performances artísticas.
Legado do Fórum
A pediatra pelotense Regina Goularte Nogueira, 61 anos, mais conhecida como Kota Mulanji, liderança das lutas das mulheres negras no RS, vem acompanhando as atividades do FSM desde a mesa de abertura da qual participou, na segunda-feira (23). Ela acredita que o evento deixará um legado em prol da democracia.
— O Fórum Social Mundial tem uma função super importante, porque ele ocorre em um momento político de retomada de um processo democrático e popular, trazendo os movimentos sociais para debater. Acredito que o maior legado que o FSM deixa nesse momento é a capacidade de se unificar e fortalecer o processo democrático. O Brasil que nós queremos é um Brasil capaz de agregar não só poder bélico, político e econômico, mas é um Brasil que pode agregar espiritualidade e a diversidade — diz Kota Mulanji.
O Fórum Social Mundial 2023 iniciou na segunda-feira e segue até o sábado (28). Nesta quinta-feira (26), as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente, e Nísia Trindade, da Saúde, participam de atividades na Assembleia Legislativa. A programação completa pode ser consultada no site do evento.