Um dos caminhões que integrou comboio para reforçar atos considerados antidemocráticos em Cuiabá, no Mato Grosso, no início de novembro foi flagrado pela Polícia Rodoviária Federal, transportando 2,9 toneladas de maconha e 103 quilos de skunk em meio a uma carga de farelo de milho.
O caminhão é citado em boletim de ocorrência por tráfico de drogas lavrado no dia 14 de outubro, 20 dias antes de ser identificado como um dos 177 veículos que se dirigiram à capital de Mato Grosso para integrar manifestações contra o resultado da eleição.
Segundo documento levado ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério Público de Mato Grosso, o caminhão Mercedes Benz Actros 2651s 6x azul foi abordado por equipes da PRF em Palhoça e em Biguaçu, em Santa Catarina, junto da Polícia Militar, no início da madrugada de 14 de outubro.
O veículo era acompanhado por um outro caminhão, um Scania/R500 A6x4 branco, que fazia o apoio de transporte para o condutor do primeiro. Na ocasião, os veículos e seus condutores foram conduzidos à Polícia Federal em Florianópolis.
De acordo com o registro da PRF, os detidos, dois mato-grossenses com 38 anos de idade, relataram que ganhariam em torno de R$ 100 mil pelo transporte, sendo que cada um dos envolvidos ficaria com uma parcela de R$ 50 mil. A carga tinha como destino a Grande Florianópolis.
A empresa listada pelo MP de Mato Grosso como proprietária do caminhão está na lista dos bloqueio de contas ordenado pelo ministro Alexandre de Moraes diante da possibilidade de financiamento de "atos ilícitos e antidemocráticos" que bloquearam rodovias em todo o país após a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas.
O veículo em questão é citado em uma lista de veículos que se dirigiram a Cuiabá para integrar atos antidemocráticos - documento levado ao STF no bojo da ação em que o Supremo ordenou o desbloqueio de rodovias interditadas por bolsonaristas.
O Ministério Público, junto das polícias, investiga financiadores e líderes dos atos considerados antidemocráticos. Parte dos achados são informados ao Supremo com o objetivo de abastecer apuração em tramite na Corte.
Dentro da tabela elaborada pelo Procurador-Geral de Justiça de Mato Grosso, com todos os veículos que entraram em Cuiabá no dia 5 de novembro entre as 6h35min e as 7h24min, foram observados outros veículos envolvidos em ilícitos anteriores: dois deles eram alvo de restrição judicial; um envolvido em crime ambiental; um em contrabando, em 2018; e outro em caso de embriaguez ao volante.
Segundo a Folha de S. Paulo, existem outros casos semelhantes. Um dos veículos apreendidos já havia sido recolhido por suposto crime ambiental em Rondonópolis (MT), no dia 5 de dezembro de 2021, durante uma fiscalização conjunta com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso e a Polícia Militar Ambiental. O motorista foi autuado por transportar, adquirir e vender madeira, lenha e carvão sem licença válida.