O Ministério Público Federal (MPF) deu mais cinco dias para que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) apresente detalhes sobre as denúncias feitas pela ex-titular da pasta, Damares Alves — eleita senadora pelo Distrito Federal —, sobre exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, no Pará.
Segundo informações do portal G1, não foram enviadas explicações no prazo inicialmente previsto, que terminou na segunda-feira (17). O MMFDH chegou a solicitar 30 dias para enviar as respostas, mas o órgão recusou.
No início deste mês, durante discurso em um culto na Assembleia de Deus em Goiânia (GO), Damares alegou que crianças do arquipélago paraense são traficadas para o Exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais. A ex-ministra afirmou, ainda, que "explodiu o número de estupros de recém-nascidos" e que no MMFDH haveria vídeos com imagens de abusos.
Na semana passada, o MPF fez o primeiro pedido de explicações sobre as declarações. No documento encaminhado ao ministério, os procuradores afirmam que nunca houve denúncia dos casos. O MPF também quer saber quais ações foram tomadas.
Outros órgãos, como a Polícia Civil e o Ministério Público do Pará, além do Supremo Tribunal Federal, também buscam investigar as falas da ex-ministra. Após a repercussão, a senadora eleita apresentou novas versões, dizendo que as denúncias são de relatos "das ruas".
O que diz o MMFDH
Em nota divulgada no início da semana passada, o MMFDH diz que "as afirmações feitas pela ex-ministra Damares Alves foram apresentadas com base em numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes".
Sobre o caso da Ilha de Marajó, afirma que "o programa Abrace o Marajó foi criado justamente como resposta à vulnerabilidade social, econômica e ambiental, que caracteriza uma porção expressiva da Amazônia Brasileira".
O ministério acrescenta, no texto, que "tem total ciência da gravidade do problema e age diuturnamente para combater essa e outras práticas criminosas" e cita como exemplo a campanha "Enfrentamento às violações de Direitos Humanos: prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes na internet", lançada no início deste mês.