Em ano de eleição presidencial, o Sete de Setembro será marcado por um duelo de manifestações entre os dois blocos ideológicos que lideram a corrida para o Planalto. Por todo o Brasil, devem acontecer atos públicos, o que inclui o Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, está prevista para começar às 10 horas uma regata pelo Dia da Independência, organizada pela Liga de Defesa Nacional, mas cujos apoiadores falam francamente em ato de desagravo ao presidente Jair Bolsonaro.
— Estamos prevendo a presença de 400 embarcações decoradas em verde e amarelo, entre barcos de pesca, lanchas e jet-skis. Será em apoio ao presidente, por tudo que ele fez nos últimos quatro anos — resume o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), um dos organizadores do "Desfile Náutico", como vem sendo chamado o ato.
Apesar de ser vinculado por apoiadores à campanha de Bolsonaro, o evento é "supapartidário", destaca o presidente da Liga de Defesa Nacional, Marco Dangui Pinheiro.
— Na realidade os festejos têm como objetivo marcar 200 anos de soberania dos brasileiros sobre seus destinos, mas claro que há superposição do evento e a campanha política. Só que o processo eleitoral é momentâneo, mas a Independência é perene — salienta Dangui, que é coronel reformado do Exército.
Os barcos devem se concentrar no Pontal do Estaleiro (antigo Estaleiro Só, no bairro Cristal) e percorrer o Guaíba até atracar nas proximidades do Cais Embarcadero, junto à Avenida Mauá (no Centro). A organização admite que a regata deve coincidir com o desfile militar e diz que isso foi idealizado, "para criar o clima de Sete de Setembro".
Os movimentos assumidamente de direita também farão outra manifestação, durante a tarde do dia 7, no Parque Moinhos de Vento (Parcão). Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) devem se concentrar ali a partir das 14 horas e isolar parte das pistas da Avenida Goethe. A animação será da Banda Loka Liberal e grupos de motociclistas também anunciam comparecimento.
- É um evento também solidário. Haverá arrecadação de alimentos e estarei lá, como voluntária. Participarão os gaúchos que defendem a liberdade - diz Paula Cassol, integrante do movimento Livre Iniciativa RS, que ajuda a organizar o evento.
A esquerda também planeja manifestações para dia 7, mas longe das planejadas pela direita. A ideia é evitar conflitos. Como acontece há 28 anos, organizações sindicais, religiosas e grupos de defesa de causas indígenas vão realizar o Grito dos Excluídos e das Excluídas, em contraponto ao desfile militar do Sete de Setembro e em protesto contra o governo Bolsonaro.
Em Porto Alegre, o protesto será marcado por uma marcha prevista para começar às 9h, com concentração na frente da Igreja São José do Murialdo (Rua Vidal de Negreiros, 550, no bairro Partenon). A ideia é percorrer alguns quilômetros até a Igreja São Judas (Rua Juarez Távora, 171), no bairro Partenon, em frente ao campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS). Ali deve ser realizado um almoço comunitário.
- O lema deste ano é A Vida e a Democracia: Terra, Pão, Trabalho e Teto. Vamos falar sobre o agravamento da fome e dizer não ao golpe, que muitos ficam pregando por aí - resume Amarildo Cenci, presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), que participa do Grito dos Excluídos.
Apesar de militantes de esquerda participarem do Grito dos Excluídos, uma manifestação maior dos partidos ligados a este campo ideológico foi postergada para dia 10. Nesse dia, deve acontecer um ato de apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O evento deve se repetir nas principais cidades do país, incluindo Porto Alegre, e reunirá também outros partidos com viés esquerdista.
- Serão atividades diversificadas durante todo o dia, desde organização de comitês por Lula Presidente até panfletagens, bandeiraços, banquinhas em praças públicas. Tudo em apoio à campanha - informa Juçara Dutra Vieira, vice-presidente do PT-RS, uma das organizadoras.