O prefeito afastado de Canoas, Jairo Jorge, falou pela primeira vez à imprensa desde que foi alvo de uma operação por suspeita de corrupção. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (13), o político negou as acusações e afirmou que não existem provas contra ele.
A entrevista ocorreu no dia seguinte à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que concedeu liminar suspendendo a tramitação do processo criminal que envolve Jairo Jorge.
Conforme a denúncia do Ministério Público, o prefeito canoense acertou e recebeu R$ 300 mil em propina de empresários para superfaturar contratos com empresas terceirizadas e escolhê-las para realizar serviços diversos, por meio de dispensa de licitação. A primeira parcela, de R$ 150 mil, teria sido paga em espécie, no dia 25 setembro de 2020, em um restaurante de São Paulo. O político nega.
— Bastava checar as minhas redes sociais, algo que não requer quebra de sigilo, para descobrir que no dia 25 de setembro de 2020 eu estava em Canoas, cumprindo agendas, e expliquei isso para o Ministério Público. Tanto que agora nem se comenta mais sobre isso na denúncia, mas estão alegando que foi alguém em meu nome. Não há nenhuma prova nas 70 páginas do processo — afirmou.
Jairo Jorge também argumentou que, durante o processo de contratação de uma empresa para trabalhos de higienização no município em 2021, o antigo diretor de licitações removeu uma das candidatas, supostamente a de menor valor, da concorrência. Essa remoção teria sido feita sem o conhecimento do próprio prefeito ou da equipe, o que fez com que esse diretor fosse demitido e o antigo secretário afastado. Ainda segundo o chefe do Executivo de Canoas, o que houve nesta licitação foi um erro administrativo, e não fraude.
Na entrevista, Jairo Jorge disse que acredita na política, que trabalha para melhorar a vida das pessoas e que ainda deseja voltar à prefeitura de Canoas para "trabalhar mais" e fazer da gestão municipal um "exemplo de transparência".
— Quando você faz a política desta forma e você acredita no que você está fazendo, não é fácil ter o seu nome enxovalhado. Não é fácil um prefeito, como eu, ter que ficar dentro de casa 105 dias (em referência ao período desde o afastamento). Então é esse apelo que faço, à serenidade. Mas eu acato a decisão, respeito a decisão, não estou aqui criticando o Ministério Público, nem o Poder Judiciário. São decisões que ocorreram e cabe a mim entender isso, explicar. Mas, obviamente, todos os fatos têm explicações — comentou.
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