O presidente Jair Bolsonaro telefonou nesta terça-feira (12) para irmãos do guarda civil Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), que foi assassinado a tiros durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos no último sábado (9). O crime foi cometido pelo policial penal federal Jorge Guaranho — que também foi baleado, está internado e teve prisão preventiva decretada.
Por meio de uma chamada de vídeo, Bolsonaro conversou com irmãos do guarda civil petista e que são simpáticos ao governo. A viúva de Arruda, Pâmela Suellen Silva, diz não ter sido convidada para a agenda e afirma que o presidente "está preocupado com a própria imagem".
— Ele os procurou porque esses dois irmãos são apoiadores do Bolsonaro, das ideias de direita. Sempre havia essa debates entre eles, mas eles se respeitavam e cada um seguia sua vida — disse ela à colunista Bela Megale, do jornal O Globo.
— Acredito que Bolsonaro está preocupado com a repercussão política — completou.
Na conversa, o presidente propôs receber os irmãos de Arruda para um pronunciamento à imprensa, no Palácio do Planalto. A campanha quer transformar o possível encontro num "gesto de pacificação".
— Por mais que, porventura, tenha tido uma troca de palavras grosseiras, não justifica o cara voltar armado e fazer o que ele fez — disse Bolsonaro durante a chamada de vídeo. — A imprensa, quase toda de esquerda, está botando no meu colo a ação desse cara que atirou e não morreu. A esquerda politizou o negócio.
Os irmãos de Arruda disseram a Bolsonaro não admitir que a esquerda use essa morte como "palco de política". Afirmaram, ainda, saber "qual lado começou" a disputa, numa referência ao atentado a faca sofrido pelo presidente, na campanha de 2018. Eles também declararam apoio à reeleição de Bolsonaro.
Durante sua festa de aniversário, Arruda fazia uma homenagem ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato ao Palácio do Planalto. Segundo relato de testemunhas à Polícia Civil, Guaranho invadiu o local da celebração gritando palavras de ordem pró-Bolsonaro e atirando. Baleado, Arruda revidou os disparos, mas não resistiu aos ferimentos.
O contato entre o presidente e os parentes de Arruda foi promovido pelo deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo na Câmara. Segundo o deputado, os irmãos José Arruda e Luiz Arruda sinalizaram intenção de voar a Brasília para conversar com Bolsonaro. O encontro pode ocorrer na próxima quinta-feira (14).
— Recebemos a informação de que a família não era apenas petista, que era uma família plural e que tinha bolsonaristas também. Então, o presidente me pediu para vir a Foz do Iguaçu, em nome dele, localizar a família, e o presidente conversou com eles. Eles estão dispostos a ir a Brasília, só falta fechar alguns detalhes — afirmou Otoni à reportagem.