O desejo do presidente Jair Bolsonaro de ver instalada a CPI da Petrobras, para apurar os reajustes de preço nos combustíveis, não tem apoio nem na base governista na Câmara. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista, teria orientado seus parlamentares a não assinarem o requerimento que pede a instalação da CPI.
Um total de 133 assinaturas foi coletado até agora. São necessárias, porém, 171 assinaturas para que o texto seja encaminhado à presidência da Câmara. Como o PP tem 53 parlamentares, a adesão do grupo já seria suficiente para ultrapassar o mínimo necessário. Ocorre que, até o momento, apenas o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que é o líder do governo na Câmara, assinou o requerimento. Todos os demais não se apresentaram.
Ricardo Barros defendeu publicamente que a CPI vai sair do papel.
— A CPI será instalada e dará transparência à composição dos preços dos combustíveis — afirmou.
A situação é de constrangimento dentro da base aliada do governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, é do PP por Alagoas, já afirmou que não é contrário à CPI e que, se receber o requerimento e houver fundamento, dará andamento à instalação.
Dentro dos quadros do PL, o sentimento é de traição. O partido de Bolsonaro tem 77 cadeiras na Câmara. Destas, 74 já assinaram o pedido para criação da CPI. Nessa quarta-feira (22) em conversa com um parlamentar do PL, o presidente Bolsonaro chegou a cobrar a aprovação das investigações.
— Eu estou acertando uma CPI na Petrobras. 'Ah, você que indicou o presidente'. Sim, mas quero a CPI. Por que não? Investiga o cara, pô. Se não der em nada, tudo bem. Agora, os preços da Petrobras são um abuso — afirmou Bolsonaro, durante conversa seus apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada.
Nos bastidores do Congresso, ainda não está clara a real motivação sobre a resistência de Ciro Nogueira na criação da CPI. O que se afirma é que a legenda acredita que este não seria o momento adequado para isso, devido ao calendário eleitoral, e que haveria outras formas de responder à escalada nos preços de combustível praticados pela Petrobras.