O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se cumprimentaram durante uma cerimônia nesta quinta-feira (19). O gesto, considerado improvável, acontece na mesma semana em que Bolsonaro protocolou uma notícia-crime contra o magistrado.
O encontro foi em uma solenidade de posse no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Bolsonaro se aproximou de Moraes, que estava na primeira fila próximo à tribuna dos magistrados. O presidente fez um gesto com a mão pedindo que Moraes se levantasse. O ministro do STF ficou de pé e trocou um cumprimento breve com o presidente. Moraes foi saudado por um longo período pelos presentes, exceto pelo presidente.
O cumprimento ocorre em meio a preocupações de aliados do presidente com o impacto de um discurso contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na parcela dos eleitores que ainda estão na dúvida. Moraes será o próximo presidente da Corte Eleitoral.
Nesta semana, depois de ver arquivado seu primeiro recurso ao STF contra Moraes, Bolsonaro apelou ao Ministério Público Federal (MPF). Na notícia-crime, alega que a condução do inquérito das fake news pelo ministro não respeita o contraditório e trata-se de uma investigação injustificada.
Em redes sociais e em discursos em solenidades, Bolsonaro também já atacou a conduta do ministro que é relator de investigações que preocupam o governo. Foi Moraes quem cobrou a retirada de perfis que difundiam informações falsas de apoiadores do presidente.
Durante a cerimônia desta quinta-feira (19) onde aconteceu o encontro, o desembargador Sergio Pinto Martins, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) tomou posse como novo ministro do TST. Ele ocupará a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Alberto Bresciani.
"Sai, Alexandre de Moraes"
Em 7 de Setembro do ano passado, Bolsonaro fez ataque virulento ao ministro: "Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais". Em outro momento declarou: "Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo".