Finanças estaduais e projetos de desenvolvimento dominaram o primeiro encontro entre pré-candidatos a governador do Rio Grande do Sul em 2022, realizado nesta quinta-feira (24), em Torres, no Litoral Norte. Com salários em dia e dispondo de R$ 3 bilhões em caixa para investimento em 2022, os postulantes ao Palácio Piratini apresentaram propostas para geração de empregos e incremento de receitas.
O evento, organizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), reuniu seis pré-candidatos: Beto Albuquerque (PSB), Edegar Pretto (PT), Luis Carlos Heinze (PP), Marco Della Nina (Patriota), Ranolfo Vieira Jr (PSDB) e Roberto Argenta (PSC). Entre os pré-candidatos já definidos, não compareceram Onyx Lorenzoni (PL) e Pedro Ruas (PSOL). Representando seus partidos, mas sem pretensões ao governo do Estado, também compareceram Ciro Simoni (PDT), Luiz Carlos Busato (União Brasil) e Vilmar Zanchin (MDB).
Como a intenção não era realizar um debate, não houve questionamentos entre os participantes, mas sim uma exposição de ideias sobre projetos de governo e temas específicos escolhidos pela Famurs. Com quase duas horas duração e diante de uma plateia formada por políticos, dirigentes partidários e autoridades, o encontro se desenvolveu em clima amistoso, sem troca de farpas ou provocações.
Primeiro a falar, Heinze ressaltou a importância das reformas feitas durante os governos José Ivo Sartori e Eduardo Leite para o ajuste nas contas públicas, mas lembrou que a atual gestão não pagou nenhuma parcela da dívida com a União, suspensas desde 2018. Citando o projeto de construção de um porto em Arroio do Sal, defendeu a atração de investimentos privados, sobretudo em infraestrutura, como mecanismo para dinamizar a economia gaúcha.
— Serão entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões em investimento privado. A logística do Rio Grande é a mais cara do Brasil justamente pela falta de infraestrutura — disse Heinze.
Atual vice-governador, Ranolfo ignorou a citação à dívida com a União, preferindo destacar os investimentos públicos de R$ 5,6 bilhões anunciados no programa Avançar. O tucano lembrou que, em 2018, durante a realização do mesmo evento da Famurs, o Estado mantinha alíquotas majoradas do ICMS e atrasava salários do funcionalismo:
— Era o pior momento da crise fiscal do Rio Grande do Sul. Estávamos há mais de três anos com salários em atraso, devíamos para todo mundo.
Empresário, Argenta prometeu conduzir uma nova reforma administrativa, reduzindo pela metade o número de secretarias e vendendo 14 mil imóveis do Estado que estariam sem uso. O pré-candidato do PSC defendeu a educação como instrumento de prosperidade e mobilidade social.
— Vou reformar todas as escolas do Estado. O emprego garante o presente, mas a educação garante o futuro — declarou Argenta.
A educação também foi citada como prioridade por Beto Albuquerque. Ele destacou que o Rio Grande do Sul é hoje campeão em evasão escolar e repetência, além de ser o Estado com menor oferta de escola em tempo integral.
— Sem reerguer a educação, vamos seguir enxugando gelo nas políticas de desenvolvimento, na atração de investimento. Quem não tem mão de obra qualificada, não atrai — concluiu.
Pré-candidato do PT, Pretto defendeu investimentos públicos para dinamizar a economia, disse que irá realizar assembleias populares para discutir projetos de desenvolvimento regional e citou o combate à fome como questão fundamental em seu ideário.
— As pessoas não querem favor, querem oportunidade de emprego, segurança, saúde, pão na mesa. Serei intolerante com a fome, e todos os setores produtivos serão tratados como parceiros do Estado.
Debutante na política, Marco Della Nina defendeu redução do ICMS, reajuste salarial aos servidores e demissão de todos os detentores de cargos em comissão na máquina do Estado:
— O primeiro projeto que o governador tem que fazer é a redução do ICMS. Como podemos gerar empregos, renda, se não tiver empresas e indústria no Rio Grande do Sul?
Representando o PDT, Ciro Simoni defendeu prioridade à educação. Pelo MDB, Zanchin citou a defesa do municipalismo como uma das principais bandeiras do partido. Presidente do União Brasil, Busato citou a importância de projetos de infraestrutura.