O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (23) que seu investimento em offshore é legal e que a ideia de que ele possa ter especulado com o valor do dólar para aumentar o patrimônio não existe. Ele participa nesta manhã de audiência para prestar esclarecimentos sobre os investimentos no Exterior às comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
Segundo Guedes, a criação de uma offshore se deveu a razões sucessórias, para que seus investimentos no Exterior pudessem ser transmitidos a herdeiros em caso de alguma fatalidade, para evitar que o governo dos Estados Unidos "expropriasse" de 46% a 47% do valor. Por isso, argumentou, não seria necessário declarar se sua esposa ou filha estavam na offshore, que seria uma "obviedade".
— A offshore é como uma ferramenta. É uma faca. Você pode usar para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja — disse Guedes, que alegou ainda não ter investimentos em nenhuma ação brasileira fora do país.
O ministro afirmou ainda que os seus depósitos em offshore foram feitos entre 2014 e 2015 e que, depois, nunca fez nenhum novo depósito ou remessa de recursos para o Brasil.
De acordo com Guedes, os investimentos foram devidamente declarados à Receita Federal e ao Banco Central. Ele também argumentou que, se desejasse especular com o valor do dólar, não teria defendido o projeto de independência da autoridade monetária.
Na audiência, Guedes disse ainda que precisou se desfazer de todos os seus investimentos em empresas sob a sua administração direta antes de assumir o Ministério da Economia, em um processo que teria lhe custado mais do que o valor investido em offshore.
Origem
Guedes disse também que seu patrimônio foi obtido por meio de empresas como Insper, BTG Pactual e Abril Educação, além de MBAs executivos.
— Fiz muitos investimentos e criei muitas oportunidades empresariais para muita gente — comentou.
Na audiência, Guedes argumentou que teve oportunidades de participar do governo antes e que não ingressou no Executivo por oportunismo.
— Se eu fosse alguém que quisesse ganhar dinheiro vindo no governo para usar informações privilegiadas, para promover meus próprios interesses, eu teria vindo muito antes — disse.
Guedes afirmou que havia sido convidado a participar do governo na década de 1980 pelo então ministro da Fazenda Francisco Dornelles, para compor a diretoria do Banco Central.
— Eu não vim aqui pelo oportunismo, ao contrário — disse.