O cercadinho na portaria do Palácio da Alvorada, espaço que Jair Bolsonaro sempre utilizou para conversar com apoiadores e antecipar anúncios, se tornou nos últimos dias palco de pequenos atritos entre o presidente e apoiadores. Nesta quinta-feira (16), ele voltou a reclamar do grande número de demandas que recebe e, mais uma vez, reforçou as limitações da cadeira do Executivo.
— O pessoal procura o presidente achando que tem superpoder. Não tenho — rebateu, em um tom diferente do adotado até então no local.
— Não tenho como resolver o problema de todo mundo aqui — afirmou.
Em meio a pedidos para solução do problema de um apoiador relacionado a decisões judiciais, em que ele se dizia prejudicado, Bolsonaro disse que se a demanda é da Justiça, não passando por ele.
— Eu passo por cima da Justiça? Então não é comigo — retrucou.
A alegação de Bolsonaro, no entanto, ocorre após ataques do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a ministros da Corte nos últimos meses. No entanto, depois da publicação de uma carta em que sugere harmonia entre os poderes, escrita pelo ex-presidente Michel Temer, o chefe do Executivo amenizou o embate com as instituições.
Pedido de taxista
Na quarta-feira (15), o presidente também demonstrou irritação ao ser cobrado por soluções. Ao ser questionado por um taxista sobre uma portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que exigia a instalação de um cabo nos táxis, Bolsonaro pediu que o apoiador falasse com educação para que ele pudesse avaliar uma solução para o tema.
— Eu não sei de tudo o que acontece nesse governo, são 23 ministérios — afirmou o chefe do Executivo.
Diante do pedido, Bolsonaro, irritado, se recusou a falar com o apoiador.
— Eu vou resolver esse assunto, mas não dessa forma como você está falando comigo. Aqui não é lugar para resolver certos problemas. Se tiver educação, eu resolvo qualquer problema.
O presidente então ligou para o coronel Marcos Heleno Guerson Júnior, presidente do Inmetro, e perguntou sobre a exigência da instalação deste cabo. O presidente colocou a ligação no viva-voz, e Guerson afirmou que a portaria sobre a troca do equipamento estava suspensa. A atitude foi comemorada pela base de apoiadores presente.