Em entrevista na tarde desta segunda-feira (13) ao Gaúcha +, na Rádio Gaúcha, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, negou a existência de uma "agenda paralela" de encontros, com eventos realizados fora dos registros oficiais. Ele afirmou não negar encontros a ninguém, mas falar sobre impeachment está fora de cogitação.
O assunto veio à tona por meio de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a publicação, Mourão está mantendo encontros com adversários do governo no Congresso e também intensificou relações com magistrados, diplomatas e empresários.
Em Brasília, os encontros de Mourão ocorreriam no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, e no gabinete de trabalho no prédio anexo do Palácio do Planalto. Segundo o jornal, o general recebeu nomes ligados ao PP, PSDB e MDB e tem atraído o interesse de representantes do PSD e do DEM para cafés e conversas.
Segundo o Estadão, em meados de agosto, o vice recebeu em seu gabinete o ex-ministro Carlos Marun, que tem atuado para que o MDB, seu partido, abrace a tese do impeachment.
— Não tenho agenda paralela. Tenho uma agenda política onde eu não deixo de receber todas as pessoas que vêm a mim. Não aceito que falem comigo sobre impeachment, eu não aceito esse assunto. Agora, tudo aquilo que puder ser feito para facilitar a nossa conexão com o Congresso e com outros segmento da sociedade, procuro fazer — disse Mourão.
Mourão ainda ressaltou que não há espaço, no século 21, para uma ruptura institucional e classificou as manifestações de Jair Bolsonaro como retóricas:
— Uma retórica forte por parte do nosso governo há. Mas não existem ações correspondentes a essa retórica. Por isso, afirmo com tranquilidade que vamos prosseguir da forma como estamos, nossas instituições são fortes. A democracia brasileira é forte e não vai ser mudada por algum discurso que ocorra de um lado ou de outro.
Como sinal de que as relações institucionais com o presidente estão normais, Mourão citou evento que teria minutos depois no gabinete do presidente da República. Ao lado de Bolsonaro, o vice participou do ato que formalizou a medida provisória que cria programa habitacional com subsídios para agentes de segurança pública.