Nesta sexta-feira (10), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "não tinha intenção" de dar um golpe de Estado. O general ainda disse que, na verdade, o chefe do Executivo deseja a independência e a harmonia entre os poderes.
– A esquerda, apesar de sua passagem desastrosa pelo poder, segue unida e querendo voltar. Ela sofreu também um duro revés: descobriu que o presidente Bolsonaro não tinha qualquer intenção de dar o golpe – disse Heleno em vídeo publicado em sua conta oficial no Twitter.
– Nosso presidente possui um formidável senso político. Ele quer país que preserve as liberdades individuais, instituições nacionais, a independência e harmonia dos poderes, a paz e a democracia - acrescentou.
Sem fazer referência direta ao recuo do chefe do Planalto na ofensiva sobre o Judiciário, movimento político que desagradou parte da militância bolsonarista, Heleno reconheceu que "alguns fatos" incomodaram apoiadores:
– Não podemos desistir do Brasil. Alguns fatos deixaram alguns de nós desanimados, isso não pode acontecer.
Após se aconselhar com o ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro decidiu publicar uma carta, chamada de Declaração à Nação, em que clamou pela harmonia entre os poderes e afirmou seu respeito pelas instituições, dois dias após ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF) nos atos de 7 de setembro e prometer que não mais cumpriria decisões judiciais proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
No dia seguinte, o presidente da Corte, Luiz Fux, alertou que essa hipótese configuraria crime de responsabilidade, elevando a tensão entre os poderes. À revelia de seus simpatizantes mais fiéis, que pregam o enfrentamento ao Supremo, Bolsonaro preferiu recuar, embora tenha buscado minimizar o teor da carta de pacificação.