A CPI da Covid vai acionar a Advocacia do Senado para entrar com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e trancar um inquérito da Polícia Federal. A PF abriu o investigação sobre vazamentos de documentos entregues à comissão.
O presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), se disse surpreso com a investigação da PF, já que a CPI define o que é sigiloso ou não, e que mesmo antes de a CPI ter acesso aos vídeos, eles já estavam sendo veiculados na imprensa.
— Já era de conhecimento da imprensa, e até então não houve nenhum iniciativa da Polícia Federal de tentar investigar quem estava vazando de dentro da Polícia Federal — disse.
A comissão também vai representar judicialmente contra o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, pela abertura da investigação, classificada por senadores como uma "intimidação" aos trabalhos da CPI, que investiga ações e omissões do governo do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19.
A reação da CPI à PF foi anunciada pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no final da reunião do colegiado, nesta quarta-feira (4), após depoimento do coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde.
— A Polícia fFederal manda para cá depoimentos incompletos, depoimentos com suspeita de edição — argumentou, reclamando também da demora da polícia de abrir inquérito sobre o caso da Precisa Medicamentos.
Também estiveram nos alvos de reclamações do senador declarações de Torres contra os trabalhos da CPI. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), voltou a acusar o governo de aparelhar a PF para perseguir a CPI. De acordo com ele, é possível "adestrar pessoas, mas não adestrar instituições".
— Não vão nos intimidar — disse Calheiros.