O Supremo Tribunal Federal rebateu mais uma vez o discurso do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados de que a Corte teria proibido o governo federal de combater a pandemia de coronavírus. Em vídeo divulgado na tarde desta quarta-feira (28), o STF reforçou que a União, os Estados e os municípios têm de atuar juntos no enfrentamento à crise sanitária, adotando medidas para proteger a população, e ressaltou que "uma mentira repetida mil vezes não vira verdade".
A gravação faz parte da iniciativa Verdades do STF, produzida pela Secretaria de Comunicação da Corte para evitar a propagação de fake news. A peça foi divulgada nas redes sociais do tribunal.
O vídeo da Corte faz referência à decisão que deu autonomia a Estados e municípios para, levando em conta o contexto local, determinarem medidas de isolamento social e enfrentamento à pandemia.
O STF foi acionado múltiplas vezes durante a pandemia em razão de impasses travados entre governos municipais, estaduais e federal na definição de ações para o controle da doença, considerando o posicionamento do presidente contra o isolamento e distanciamento social. O governo federal tentou, mais de uma vez, derrubar junto ao STF restrições impostas por governos estaduais para conter a disseminação do coronavírus.
Bolsonaro recorreu em diversos momentos ao discurso distorcido sobre a decisão do STF para se eximir de cobranças envolvendo sua postura no combate à pandemia. Em janeiro, a Corte máxima já havia divulgado nota desmentindo as alegações do presidente. Na ocasião, destacou: "É responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia".
A manifestação foi divulgada depois que Bolsonaro se disse impedido de atuar no combate à doença por determinação do tribunal.
No último sábado (24), o presidente afirmou que menos pessoas teriam morrido vítimas da covid-19 caso ele estivesse na coordenação das ações de enfrentamento à pandemia.
— Se eu estivesse coordenando a pandemia, não teria morrido tanta gente — disse Bolsonaro, para logo em seguida defender o chamado "tratamento inicial" (o tratamento precoce, como era chamado) e uso de medicamentos off label (quando o remédio é usado fora das recomendações da bula, como ocorreu com a cloroquina).