Uma mulher foi detida por policiais militares, por volta do meio-dia deste sábado (10), durante a motociata promovida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em Porto Alegre. Ela protestava batendo em uma panela contra os participantes, no cruzamento das Avenidas João Pessoa e Venâncio Aires, próximo à Redenção, e, de acordo com a Brigada Militar, teria tentado chutar motocicletas que integravam o comboio. O local era um dos pontos onde o passeio de moto presidencial enfrentou hostilidade daqueles que não simpatizam com Bolsonaro.
Ela teria sido advertida por policiais repetidas vezes e, como não teria atendido aos pedidos para que parasse, conforme relatado no boletim de ocorrência, foi convidada a acompanhá-los até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), localizada no Palácio da Polícia.
A mulher não concordou, e os policiais tentaram algemá-la. Ela resistiu novamente, fazendo força para não ter os braços imobilizados. Um vídeo com imagens do momento da detenção, em um posto de gasolina na esquina das duas vias, circula pelas redes sociais.
— Vai presa por bater panela! Vai presa por bater panela! O que é que é isso? — indigna-se alguém na gravação.
O cineasta e produtor cultural Henrique de Freitas Lima, também advogado, acompanhava a movimentação e presenciou parte da sequência de eventos. Lima se apresentou aos policiais como advogado e tentou evitar a prisão, alegando o direito dela de participar do protesto. Em um primeiro momento, Lima estava a cerca de 20 metros do local, aproximando-se depois.
— Toda a manifestação foi muito tensa. Havia pessoas favoráveis, pessoas contrárias e uma postura muito agressiva dos motociclistas, com sinais, gritos, gestos obscenos, “arminha” (sinal com as mãos), “puxando” o motor das motos, fazendo barulho. Eles desviavam do leito da avenida em direção à calçada, em direção a quem era contra. Era uma tentativa de intimidação. O clima estava acirrado de parte a parte — conta o diretor.
Na 2ª DPPA, lavrou-se um termo circunstanciado por desobediência, na presença de um advogado. A mulher, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil para ter sua identidade preservada, foi liberada na sequência.
Rodrigo Reis, coordenador das Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento da Capital, argumentou que o comportamento da manifestante representava risco.
— Poderia gerar prejuízo material ou lesão corporal em um motociclista ou nela — justifica o delegado.