O governo federal exonerou o diretor do Departamento de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz. A decisão está publicada na edição desta quinta-feira (8) do Diário Oficial da União.
A exoneração vem um dia após a CPI da Covid aprovar a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o reverendo negociou a contratação de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca em nome do governo brasileiro com o aval de Cruz.
Randolfe, que é vice-presidente da CPI da Covid, se baseia em revelação feita pelo Jornal Nacional, da TV Globo, no último sábado. De acordo com a reportagem, o agora ex-servidor da Saúde teria autorizado o presidente da Senah a negociar vacinas com a Davati Medical Supply por valor três vezes mais alto do que o negociado anteriormente pela pasta com outro laboratório.
As negociações com a Davati estão sob investigação da CPI após o policial militar da ativa Luiz Paulo Dominguetti, que se diz representante comercial da empresa americana, declarar ter recebido um pedido de propina do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias.
Dias foi preso na quarta-feira após ser acusado de mentir ao colegiado, mas pagou fiança e foi solto horas depois.
Lauricio Monteiro Cruz foi nomeado no Ministério da Saúde em 31 de agosto de 2020, na então gestão interina de Eduardo Pazuello. À época, a indicação foi criticada pelo fato de o agora ex-diretor de imunização ser veterinário — ele é mestre em saúde animal pela Universidade de Brasília (UNB).
A demissão de Cruz vem na esteira de outras exonerações que ocorrem desde que supostos esquemas de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 passaram a ser investigados pela CPI. Além de Cruz e Dias, a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fantinato pediu demissão após ter seu sigilo telefônico e telemático quebrado pelos senadores.