O jornal O Estado de S.Paulo divulgou nesta quarta-feira (23) reproduções de uma troca de mensagens no WhatsApp envolvendo o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e um assessor do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o jornal, nas mensagens o deputado alertou para possível irregularidade na compra de vacinas para covid-19 e afirmou que estava "rolando esquema de corrupção pesado" no Ministério da Saúde. "Tenho as provas e as testemunhas", escreve Miranda em uma das mensagens reproduzidas pelo Estadão.
O aviso foi enviado às 12h54min de 20 de março, um sábado, ao número de celular de um ajudante de ordem do presidente. Como resposta, o auxiliar responde com uma bandeira do Brasil. Uma hora depois, Miranda insiste: "Não esquece de avisar o PR (presidente da República). Depois não quero ninguém dizendo que eu implodi a república. Já tem PF e o c... no caso. Ele precisa saber e se antecipar". A resposta é outra bandeira do Brasil.
Às 16h, Miranda informa ao auxiliar que estava "a caminho". Bolsonaro recebeu o deputado no Palácio da Alvorada. O encontro foi registrado nas redes sociais por Miranda, que na ocasião disse ter ido tratar de combustíveis e vacinas.
Passados dois dias, o deputado voltou a procurar o auxiliar. "Pelo amor de Deus... isso é muito sério!", escreveu Miranda. Sem resposta, insiste no dia 23. "Bom dia irmão, o PR está chateado comigo? Algo que fiz?". O auxiliar responde: "Negativo, deputado. São muitas demandas. Vou relembrá-lo"".
Pelo aplicativo, Miranda envia ao ajudante de ordem fatura de compra em nome da empresa Madison Biotech PTE Ltda. O documento, segundo disse o deputado ao Estadão, era uma fatura de US$ 45 milhões referente à importação da Covaxin. O pagamento dependia da assinatura de seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. O deputado disse que seu irmão se recusou a assinar, pois a área técnica considerou indevido o pagamento antecipado.