O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, demitido em março, foi ouvido nesta terça-feira (18) na CPI da Covid por cerca de sete horas. Foi o sétimo dia de depoimentos na comissão parlamentar de inquérito, que apura ações e possíveis omissões do governo no enfrentamento à pandemia.
O ex-chanceler foi convocado pela CPI na condição de testemunha. As relações do Brasil com a China e a mobilização do governo para compra de vacinas concentraram o maior número número de perguntas dos senadores.
Já no começo da sessão, Araújo afirmou que "jamais" promoveu "atrito com a China, seja antes ou seja durante a pandemia". Disse ainda que não fez nenhuma declaração "antichinesa". Presidente da CPI, Omar Aziz, rebateu e disse que ex-ministro "está faltando com a verdade".
Araújo disse que tinha conhecimento da carta enviada ao governo brasileiro em setembro do ano passado pela Pfizer, na qual o CEO da empresa, Albert Bourla, alertava que havia uma proposta de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, sem resposta por parte do Brasil.
O ex-chanceler confirmou sua atuação à frente do Itamaraty na importação de insumos da Índia necessários para a produção da cloroquina. Araújo defendeu o trabalho da pasta neste caso dizendo que com a alta procura do fármaco, "um remédio muito importante que tenha seu estoque preservado", foi necessário garantir a reserva do medicamento.
Também descartou que os atrasos para importação ao Brasil de insumos vindos da China aconteçam por razões políticas. Apesar de o país asiático e aliado na produção de vacinas no Brasil não apontar que essa seja a causa para a demora na remessa de ingredientes necessários para a produção de imunizantes, os atrasos coincidem com ataques do presidente Jair Bolsonaro, ou pessoas próximas do Palácio do Planalto, ao país.
A sessão foi interrompida por volta das 13h30min após bate-boca entre os senadores Eduardo Girão (Pode-CE) e Otto Alencar (PSD-BA). O depoimento foi retomado 15 minutos depois.
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