O comitê científico da covid-19 no Rio Grande do Sul emitiu uma série de recomendações ao governo do Estado, sugerindo que o novo modelo de gestão da pandemia inclua uma divulgação periódica dos níveis de gravidade em cada região do Estado. GZH teve acesso ao documento no qual os mais de 50 cientistas sugerem que o novo sistema deve “usar uma escala numérica para graduar a situação epidemiológica, conforme a gravidade dos indicadores”.
O governo do Estado vai aposentar, até o fim desta semana, o atual modelo com divulgação dos níveis de risco por meio de bandeiras. O pedido dos cientistas ao governador Eduardo Leite é que, ao descartar o sistema de bandeiras, seja criado um novo formato de divulgação numérica dos níveis de gravidade da pandemia no Estado.
O novo modelo será apresentado entre quinta (13) e sexta-feira (14), e deve entrar em vigor no sábado (15). No novo formato, os prefeitos terão mais autonomia para definir se desejam adotar restrições em atividades sociais e econômicas, ficando o governo do Estado com a incumbência de analisar os dados da pandemia e emitir boletins diários. Segundo o governo do Estado, quando houver agravamento da pandemia, serão emitidos avisos e alertas técnicos para que os prefeitos apliquem restrições. Se a atuação dos prefeitos não for suficiente, Leite garante que haverá intervenção estadual.
No documento enviado ao Palácio Piratini, o grupo de cientistas também sugere que o governo deve “padronizar a emissão de Avisos e Alertas e Ação emitidos pelo Estado, com o estabelecimento de critérios bem definidos”.
Na lista, o comitê também diz que o governo do Estado deve “insistir na fiscalização e penalidades individuais, mesmo que, e de preferência, brandas, para quem não usa máscaras quando está perto de outras pessoas”.
Procurado para comentar as recomendações dos cientistas, o Palácio Piratini informou que que as sugestões recebidas estão sendo avaliadas e assim que o sistema novo estiver consolidado será apresentado pelo governo a entidades, prefeitos, imprensa e demais públicos .
Veja abaixo a íntegra das recomendações do comitê científico
"O COMITÊ CIENTÍFICO de apoio ao enfrentamento à Pandemia da COVID-19 do RS apresenta sugestões para a qualificação do novo modelo de monitoramento da COVID-19.
Comunicação
• Reforçar estratégias de comunicação sobre o novo modelo, seus indicadores, fortalecendo a transparência sobre a situação das diferentes regiões, envolvendo todos os atores da sociedade.
• Manter a comunicação periódica com pais, professores e sociedade sobre a evolução da COVID-19 nas escolas.
• Realizar campanhas de incentivo ao uso de transporte alternativo, como bicicleta e caminhada, para a mobilidade dentro das cidades.
• Troca do termo “distanciamento” por um termo mais genérico e menos negativo
• Comunicar à população sobre a importância do modelo ser dinâmico, sendo modificado e evoluindo de acordo com o avanço do conhecimento sobre o comportamento do Vírus.
• Enfatizar que o risco é contínuo e não dicotômico, ou seja, todas as atividades que puderem ser mantidas de forma remota devem permanecer assim para reduzir a mobilidade global dentro do possível. Da mesma forma, mesmo em locais que tem atividades presenciais, se alguma atividade puder ser mantida de forma remota, isso é recomendável, assim como continuar evitando reuniões e aglomerações.
Monitoramento
• Implementar um sistema de monitoramento de avaliação de casos entre estudantes e comunidade escolar, com busca ativa de casos suspeitos e confirmados. Implementar monitoramento para avaliar os motivos da ausência ao trabalho nas escolas, com busca ativa de casos suspeitos e confirmados e emissão de boletins periódicos.
• Padronizar a emissão de Avisos e Alertas e Ação emitidos pelo Estado, com o estabelecimento de critérios bem definidos.
• Usar uma escala numérica para graduar a situação epidemiológica, conforme a gravidade dos indicadores.
• Dividir as macrorregiões em subdivisões/sub-regiões, para permitir uma análise mais confiável da origem dos casos e das ações propostas.
• Implementar medidas de incentivo a testagem da população, por meio de medidas positivas – selos de qualidade, etc.
Fiscalização
• Insistir na fiscalização e penalidades individuais (pessoa física), mesmo que, e de preferência, brandas, para quem não usa máscaras quando está perto de outras pessoas.
• Elaboração de Planos Municipais de Contingência Coivd-19 contendo medidas de vigilância epidemiológica e ambiental, capacidade do sistema de saúde, avaliação de risco, programas de mitigação de risco, monitoramento e fiscalização, comunicação adequada.
Protocolos
• Revisar os protocolos de mitigação que estão sendo utilizados pelas escolas com urgência tendo como foco a ventilação, o distanciamento e o uso de máscaras, e atualizando as medidas quanto limpeza das superfícies, que tem um papel secundário na transmissão da CVID-19.
Indicadores
• Incluir dados de infecção e vacinação nos modelos preditivos, com adaptação dos protocolos de acordo com a evolução da mesma. Pensar em protocolos que consideram a proporção de pessoas vacinadas nas regiões."