Nesta semana, a programação da CPI da Covid é ouvir médicos sobre o chamado tratamento precoce da doença, vacinação e o suposto gabinete paralelo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na terça-feira (1º), a médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi será questionada sobre assessoramento paralelo ao governo e a tentativa de alterar a bula da cloroquina.
— Ela foi citada em vários depoimentos como uma das integrantes do chamado gabinete paralelo. Alguns depoimentos dão conta, inclusive, de que ela participou da elaboração da bula fake da cloroquina. Esse é o principal esclarecimento que ela tem que trazer a essa CPI — disse o senador, em entrevista à Agência Senado.
Na quarta-feira (2), serão discutidos por profissionais da saúde as medidas e protocolos adotados no combate à pandemia no Brasil, em audiência pública marcada para as 9h. Para isso, a CPI deve ouvir o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clovis Arns da Cunha, cuja fala será em torno da rejeição ao uso da hidroxicloroquina, e a médica Zeliete Zambom, que deve abordar as ações que deveriam ter sido adotadas pelo governo. Também participam os médicos Paulo Porto de Melo, especialista em neurocirurgia e presidente dos departamentos de Neurocirurgia Vascular e de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, e Francisco Eduardo Alves, especialista em infectologia e presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social. Ambos são favoráveis ao uso dos medicamentos precoces.
De acordo com o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), deverão ser realizadas pela comissão parlamentar duas audiências públicas para ouvir especialistas contra e a favor do tratamento da covid-19 com drogas como a hidroxicloroquina e a ivermectina. Em cada sessão, falam dois especialistas que apoiam o tratamento e dois que são contra. A data do segundo debate ainda não foi oficialmente divulgada.
Os senadores integrantes da CPI também poderão discutir esta semana a ação conjunta de governadores no Supremo Tribunal Federal (STF) para não serem convocados pela CPI. Na última sexta-feira (28), os governadores de 17 Estados e do Distrito Federal entraram com a ação no STF, com o argumento de que a comissão parlamentar não teria competência para convocar autoridades estaduais, que devem ser investigadas pelas assembleias legislativas.