O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse na noite de quinta-feira (29) que os militares não devem temer os trabalhos da comissão.
— Só devem ter preocupação os aliados do vírus. Quem não foi aliado do vírus não deve ter nenhuma preocupação — afirmou.
Mais cedo, em uma derrota à ala governista, a CPI aprovou a convocação de ex-ministros da Saúde do governo Jair Bolsonaro, entre eles o general Eduardo Pazuello, e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. Todos devem ser ouvidos pelo colegiado na semana que vem. Os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, também foram convocados.
A fala de Renan foi uma resposta a uma pergunta a respeito da nota divulgada pelo Clube Militar, com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a abertura da comissão, e à composição do grupo, formado em sua maioria por críticos do governo.
Renan disse ainda que os ex-ministros foram convocados não como investigados, mas para testemunhar e colaborar com os trabalhos da CPI.
— Nós não vamos investigar os militares, essa narrativa do governo está completamente errada, equivocada, e objetiva apenas uma propaganda — disse Renan, em entrevista coletiva. — Ontem (quarta-feira), deixei claro, e todos os membros da CPI também, que nós não vamos investigar instituições ou pessoas, mas sim conferir fatos. Esse é o papel da CPI.
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse acreditar na lealdade das Forças Armadas à democracia.
— Isso é irreversível no País desde a redemocratização. Não tem nenhum interesse, e não terá, não está sob análise ou investigação o Exército brasileiro ou as instituições militares —disse. — Estão sob investigação aqueles que foram responsáveis por ações e omissões que nos levaram à tragédia de ser o segundo país do planeta com o maior número de mortes — acrescentou.