O Palácio do Planalto teria comunicado nesta sexta-feira (2) ao Ministério da Saúde que o presidente Jair Bolsonaro pretende se vacinar contra a covid-19 neste sábado (3). As informações são do jornal Valor Econômico.
Ainda segundo o Valor, a vacinação ainda não é dada como certa, mas o Planalto teria comunicado que os técnicos devem estar preparados. O Gabinete de Segurança Institucional estaria definindo onde ocorreria a eventual aplicação. As opções seriam em cerimônia no Ministério da Saúde ou em um posto de saúde de Brasília. Neste sábado, o Distrito Federal começa a vacinar pessoas de 66 anos, idade de Bolsonaro.
Conforme o governo do DF, a pasta está aplicando neste feriadão de Páscoa o lote de 100 mil doses da CoronaVac e 16 mil de Oxford/AstraZeneca recebidos na quinta-feira (1º).
Bolsonaro já emitiu diferentes declarações sobre receber a vacina. Na última delas, em uma live na quinta-feira, disse que poderia ser “o último brasileiro” a ser vacinado.
— Está uma discussão agora se eu vou me vacinar ou não vou me vacinar. Eu vou decidir. O que eu acho? Eu já contraí o vírus. Eu acho que deve acontecer: depois que o último brasileiro for vacinado, se tiver sobrando uma vacina, então eu vou decidir se me vacino ou não. Esse é o exemplo que um chefe deve dar. Igual no quartel. Geralmente o comandante é o último a se servir — argumentou Bolsonaro.
Antes, Bolsonaro declarou em diferentes ocasiões que não se vacinaria. Uma delas em um discurso em 17 de dezembro de 2020.
— A vacina, uma vez certificada pela Anvisa, vai ser extensiva a todos que queiram toma-la. Eu não vou tomar. Alguns falam que eu estou dando péssimo exemplo. O imbecil, o idiota que diz que eu estou dando um péssimo exemplo: eu já tive o vírus. Eu já tenho anticorpos. Por que tomar vacina de novo? — questionou o presidente.
Na sequência do mesmo discurso, ao comentar a cláusula da farmacêutica Pfizer isentando a empresa de responsabilidade sobre efeitos colaterais de sua vacina, Bolsonaro declarou de que se o imunizado “virar um jacaré, é problema de você”.
Devido aos casos de reinfecção e a incerteza sobre o tempo de imunidade após ter a doença, a vacina contra a covid-19 é necessária também para quem já teve a doença. Todavia, nesses casos, o Ministério da Saúde recomenda que ela ocorra pelo menos quatro semanas após os primeiros sintomas ou a partir do primeiro exame com diagnóstico positivo. Bolsonaro teve covid-19 em julho de 2020.
Bolsonaro também criticou em diferentes ocasiões a CoronaVac, por ser desenvolvida por uma empresa chinesa, a Sinovac, relutando em adquiri-la para o Plano Nacional de Imunização. Em 21 de outubro, Bolsonaro cancelou um acordo para a compra de 60 milhões de doses da CoronaVac, desautorizando o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Hoje, o imunizante, fabricado pelo Instituto Butantan, é o principal em uso na vacinação contra a covid-19 no Brasil.
Em janeiro, em resposta a um pedido de um colunista da revista Época com base na Lei de Acesso à Informação, soube-se que a carteira de vacinação de Bolsonaro está sob sigilo de até cem anos. Em 20 de janeiro, a Justiça do Distrito Federal negou um pedido para derrubar o sigilo movido pela deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O Brasil encerrou a sexta-feira com 328.206 mortes por covid-19. Destas, 2.922 nas últimas 24 horas.