O presidente da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, Tiago Simon (MDB), avaliou, nesta segunda-feira (15), que as fatos presentes nas denúncias contra o deputado Ruy Irigaray (PSL) “são graves e devem ser apurados com rigor”. No domingo (14), reportagem do Fantástico, da RBS TV, mostrou denúncias de que Irigaray teria utilizado servidores comissionados, pagos com dinheiro público, para fins pessoais, como reformar a casa de sua sogra. O parlamentar negou irregularidades e disse que ocorre uma disputa política no Estado (leia mais abaixo).
Por meio de nota, o presidente da Comissão de Ética da Assembleia afirmou que “o caso será imediatamente encaminhado aos órgãos competentes do Poder Legislativo para averiguar as denúncias e as providências cabíveis” (leia íntegra da nota abaixo).
Na próxima semana, Simon deixa o cargo na Comissão de Ética, dentro da rotina anual de troca no comando dos colegiados do Legislativo. Por revezamento entre bancadas, o próximo presidente da Comissão de Ética, que chefiará o grupo ao longo de 2021, será indicado pelo PT. O nome escolhido até o momento é o do deputado Fernando Marroni. Procurado, preferiu não se manifestar ainda sobre o tema. Cabe à Comissão de Ética apurar denúncias contra deputados e determinar punições. Entre as sanções previstas está a cassação do mandato.
O presidente da Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (MDB), também se manifestou por meio de nota, prometendo acionar imediatamente as “instâncias internas para averiguar possíveis irregularidades de servidores e parlamentares”. Souza destacou que Irigaray tem direito à ampla defesa e acrescentou: “seremos rígidos na apuração das denúncias” (leia íntegra da nota abaixo).
Entenda o caso
Reportagem do jornalista Giovani Grizotti, da RBS TV, mostrou que Cristina Nebas, uma ex-assessora de Irigaray, acusa Irigaray de utilizar funcionários comissionados do gabinete na Assembleia Legislativa, pagos com dinheiro público, para fins pessoais, como a reforma da casa da sogra dele. A denúncia é endossada por outra ex-assessora do parlamentar.
Além dos depoimentos das ex-assessoras, vídeos, fotos e mensagens de WhatsApp apresentadas na reportagem indicam que o deputado também teria utilizado assessores do gabinete para as atividades de babá e empregada doméstica. A ex-assessora de Irigaray também relata a suposta existência de um sistema organizado de produção de fake news no escritório do parlamentar, com uso de contas falsas em redes sociais.
Contraponto
O deputado estadual Ruy Irigaray (PSL) afirma que não houve irregularidades e diz que os seus assessores efetivamente trabalharam na reforma da casa de sua sogra, mas não durante o horário de expediente.
– Quando eles estavam contratados como assessores, eles executaram alguns serviços ao final de semana e durante a noite. Vamos buscar reparação judicial quanto a essas acusações falsas – disse o deputado, à reportagem do Fantástico.
Irigaray ainda nega as acusações de que determinou que sua ex-assessora realizasse, com dinheiro público, trabalhos domésticos para a família dele.
– Ela (a ex-assessora) se prontificou para fazer esse tipo de atividade. E, outra coisa, ela recebeu por isso, tá? Inclusive, se não me engano, ela ganhava R$ 100 cada vez que pegava e levava as meninas, quando a minha esposa fez uma cirurgia – acrescentou o deputado, também à reportagem da RBS TV.
MP apura o caso
Por meio de nota, o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul informou que "duas pessoas compareceram à Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre onde, de forma espontânea, prestaram declarações em que noticiaram o que em tese pode se configurar como possíveis atos de improbidade administrativa, que importariam enriquecimento ilícito, causariam prejuízo ao erário e atentariam contra os princípios da Administração Pública pelo deputado Ruy Irigaray Junior e assessores parlamentares a ele vinculados". Conforme o MP, o expediente está em sigilo.
Leia a nota do presidente da Comissão de Ética, Tiago Simon (MDB)
"Tomei conhecimento por meio de reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, de denúncia contra o Deputado Ruy Irigaray (PSL). Os fatos apresentados são graves e devem ser apurados com rigor pela Assembleia Legislativa. O caso será imediatamente encaminhado aos órgãos competentes do Poder Legislativo para averiguar as denúncias e as providências cabíveis. Ainda, informo que estou deixando a presidência da comissão de ética no próximo dia 23 para tomar assento noutra comissão, o que é da praxe do parlamento a cada início de nova sessão legislativa. Diante disso, a denúncia deverá ser analisada pelo novo presidente à frente da comissão".
Leia a nota do presidente da Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (MDB)
"Ontem (domingo) à noite, tive conhecimento das denúncias contra o dep. Ruy Irigaray, através do Fantástico. Soube, também através da reportagem, que o caso já está no MP, que investiga o assunto.
O Legislativo também possui suas instâncias internas para averiguar possíveis irregularidades de servidores e parlamentares, as quais serão acionadas imediatamente.
Vamos garantir ao deputado seu direito constitucional de ampla defesa, ao mesmo tempo que seremos rígidos na apuração das denúncias."