Político influente no Rio Grande do Sul e no Brasil, Ney Ortiz Borges morreu na quarta-feira (24), aos 96 anos, por complicações da doença de Alzheimer. Ele era grande apoiador de Leonel Brizola e João Goulart, tendo atuado como vereador de Porto Alegre, deputado estadual e federal, além de bacharel em Direito.
Ney Ortiz, como era conhecido, nasceu em uma região do município de Soledade que atualmente pertence a Barros Cassal. Na juventude, deixou as atividades rurais para se dedicar aos estudos e, aos 18, mudou-se para Porto Alegre, onde passou a estudar de dia e trabalhar à noite para se manter. Perdeu os pais ainda jovem e assumiu a posição de chefe da família, formada por seis irmãos.
Seu contato com a política iniciou em 1945, após a deposição da Presidência de Getúlio Vargas. Na ocasião, muitos aliados se uniram no Queremismo, como ficou conhecido o movimento que defendia a permanência de Vargas no poder. Na época, Ortiz conheceu Brizola e outras lideranças do PTB no Estado, na então ala jovem do partido.
Nos anos seguintes, dedicou-se aos estudos, formando-se pelo Colégio Estadual Julio de Castilhos e em Direito pela Universidade Federal do RS (UFRGS). Teve, antes de ser eleito, uma passagem pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
Em 1955, tornou-se vereador de Porto Alegre ainda pelo PTB, sendo reconhecido como um político destaque, à época. Na eleição seguinte, foi eleito deputado estadual e, durante o mandato, teve participação no célebre movimento da Legalidade, encabeçado por Brizola. Na legislatura federal seguinte, foi escolhido deputado federal e se orgulhava de ter sido um dos primeiros políticos com os direitos cassados no início da ditadura militar, por ter sido líder do governo João Goulart na Câmara dos Deputados.
Depois de um período no exílio e de viver em cidades do interior de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, foi um dos integrantes do Encontro de Lisboa (1979), ocorrido já com a abertura política. O evento marcou a fundação de bases para a criação do atual Partido Democrático Trabalhista (PDT), que ocorreu em 1981, com a participação de Ortiz.
Ele ainda teve uma passagem como procurador-geral da Assembleia Legislativa do Estado e foi deputado suplente para participar da Assembleia Constituinte após o fim do regime militar. Entre os reconhecimentos que recebeu em vida estão o Jubileu de Ouro, por 50 anos de profissão, e a Comenda Oswaldo Vergara, devido aos relevantes serviços prestados à classe, concedidos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em 2009, recebeu o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre.
Em suas redes sociais, a deputada estadual Juliana Brizola prestou uma homenagem a Ney Ortiz.